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CAPÍTULO 7 : É a natureza dele.

Kael desceu do sótão, ainda perdido em pensamentos sobre o encontro inesperado com Boldar. Ele caminhava pelo corredor rumo ao quarto quando algo do lado de fora chamou sua atenção.

Ao passar por uma das janelas, parou abruptamente. Lá fora, uma das árvores se moveu. Não foi um simples balançar de vento ou o farfalhar rotineiro das folhas. Ela deslizou pelo solo, como se estivesse viva.

Ele franziu o cenho, inclinando-se para enxergar melhor. Outra árvore repetiu o movimento, depois outra, e mais outra, como se a floresta inteira estivesse… caminhando.

Foi então que as palavras de Agatha ecoaram em sua mente:

“A casa anda em reforma.”

Ele piscou. Aquilo não era uma metáfora. A casa realmente andava.

Kael recuou um passo, observando melhor a estrutura ao redor. Por fora, parecia pequena, quase insignificante, mas lá dentro… era imensa, confortável, aconchegante de um jeito estranho. Aquilo exigia um nível altíssimo de magia.

Ele soltou um riso curto.

— Uma maga de primeiro nível, sem dúvidas — murmurou, impressionado.

Kael perdeu-se naquela visão, sem perceber o tempo passar. Quando se deu conta, a tarde já caía e ele ainda estava ali, do lado de fora, fascinado pela paisagem em movimento.

— Não me diga que nunca viu uma casa encantada, Capitão.

A voz de Agatha o trouxe de volta à realidade. Ele olhou por sobre os ombros, encontrando o sorriso zombeteiro dela.

— Já vi muita coisa. Algumas te deixariam de boca aberta e o estômago revirado — respondeu com um meio sorriso. — Mas nada tão enfadonho quanto isso.

Agatha riu baixo, sacudindo a cabeça.

— Odeio interromper seu momento filosófico, mas chegaremos antes do esperado. Precisamos de suprimentos… e de algumas ervas que quero estudar antes de chegarmos a Bazzard.

Kael ergueu uma sobrancelha.

— Precisa de ajuda?

— Não. — Agatha respondeu, se virando.

— Então só queria avisar para eu não me assustar?

Agatha sorriu de canto.

— Exato.

Kael riu, descrente.

— Pelo visto, teremos surpresas.

— Ah, não parece tão ruim. Ouvi dizer que você odeia a monotonia.

— É, o tédio é entediante.

Ambos riram enquanto seguiam para a aldeia.

A tarde estava calma demais para um dia de viagem. Kael parou em uma tenda e admirou um bracelete de ouro incrustado com pedras azuis que lhe chamou a atenção. Aquele objeto ficaria lindo nela, ele pensou.

Ao seu lado, Agatha girava um pequeno frasco entre os dedos, observando o líquido arroxeado dentro sem muita atenção. Mas virou-se quando ouviu os murmúrios e viu a comoção.

— Tá vendo aquilo? — Ela inclinou a cabeça em direção à praça.

Kael ergueu os olhos, seguindo seu olhar.

O centro da aldeia estava movimentado demais. Pessoas gritavam, apontavam, seguravam ferramentas como se fossem armas. No meio da confusão, uma carroça velha e um monte de correntes brilhavam à luz do sol. Algo se movia dentro dela.

Kael não precisou de muito para entender: aquilo não era uma simples reunião. Era uma caçada.

— Eu sabia que íamos nos meter em encrenca — Kael murmurou.

— Talvez seja um daqueles torneios em que o vencedor ganha cerveja de graça — Agatha disse, estranhamente animada.

Kael suspirou, mas a seguiu.

Eles vieram buscar suprimentos, mas agora tinham outro problema para resolver.

À medida que se aproximavam, as vozes ficavam mais nítidas.

— …já sumiram três ovelhas! — gritou um homem mais velho, o rosto vermelho de raiva.

— E atacaram mercadores na estrada! — outra voz se juntou.

— Essa coisa é um demônio, tem que morrer!

Kael estreitou os olhos. No centro da carroça, acorrentado, um lobo terrível arfava. Seu pelo estava sujo de lama e havia sangue seco em uma das patas dianteiras.

Os aldeões estavam com medo. E medo sempre virava violência.

Kael já tinha visto isso antes. Humanos não precisavam de muito para justificar uma execução.

— Isso está errado — ele murmurou, mais para si do que para Agatha.

Mas Agatha já sabia.

A multidão estava prestes a agir. E Kael não ia deixar.

— Creio que chegaremos atrasados em Bazzard — Kael murmurou.

— Isso não é novidade. Não se meta em encrenca, Capitão.

Kael apenas lançou um olhar divertido para ela antes de avançar. A praça estava tomada pelo burburinho dos aldeões. No centro, o lobo arfava, preso às correntes, enquanto um grupo de homens discutia seu destino.

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