Ponto de Vista de Serena
Acordar não foi como nos filmes. Não foi repentino, nem claro, nem rápido. Foi como emergir debaixo d’água, onde as vozes chegavam abafadas, distantes, e aos poucos os sons, os cheiros e, depois, as formas começaram a tomar forma.
Primeiro ouvi a voz dele. Máximo. Aquele tom grave, firme, e ao mesmo tempo tão cheio de amor, tão carregado de desespero, como se ele estivesse me segurando pela mão, me chamando de volta pra vida.
— Amore… por favor… volta pra mim… volta… eu e nosso filho precisamos de você… — era um sussurro, um pedido, uma súplica.
E então eu senti. A pressão da mão dele apertando a minha. O calor. O cheiro que eu reconheceria até no fim do mundo.
Meus olhos lutaram pra abrir, como se pesassem toneladas. Mas eu consegui. Piscando lentamente, me forçando a atravessar aquele nevoeiro até que… lá estava ele.
O rosto que é minha casa. Olheiras fundas, barba por fazer, olhos marejados, vermelhos. Mas quando percebeu que eu estava acordada, aqueles olh