Ponto de vista de Serena Bianchi
Hoje era um daqueles dias em que eu precisava vestir a armadura invisível que toda mulher de um Don carrega. Teríamos um evento da máfia. Um daqueles encontros pomposos, carregados de pretensões, sorrisos falsos e palavras medidas. Detestava a teatralidade. As mulheres sorriam como bonecas bem treinadas, os homens trocavam olhares afiados disfarçados de cumprimentos formais. Era uma dança de máscaras — e, mesmo sabendo o papel que me cabia, isso nunca me caiu com naturalidade.
Mas estar ao lado do meu marido... isso me bastava. Eu seria a muralha que esperavam que a esposa do Don da Cosa Nostra fosse. E seria com classe.
Vesti um longo azul royal, ajustado na cintura e cravejado de pedrarias que pareciam capturar a luz de cada canto da casa. Meu colar de diamantes brilhava contra a pele pálida do colo, e a maquiagem, um pouco mais ousada do que costumo usar, moldava o olhar como quem avisa: “Se eu sorrir, é porque escolhi não morder”.
Assim que coloque