Cap. 67
Cap. 67
A luz da manhã filtrava-se pelas frestas da cortina, riscando o quarto com tons de dourado pálido. Ângela despertou devagar; primeiro sentiu o lençol amassado sob o rosto, depois o cheiro familiar de medicamento misturado ao perfume suave do amaciante. Ainda não estava totalmente ali, mas algo dentro dela parecia… mais leve.
Os olhos abriram-se num susto suave. Passou a mão devagar pelo travesseiro ao lado, como se procurasse um vestígio de algo que não sabia se sonhara ou se fora real.
Por um instante, a mente foi inundada por uma memória confusa: o toque de uma mão fria, a respiração próxima, palavras sussurradas que não conseguiam se fixar.
Mas tudo se dispersou como névoa quando a porta se abriu.
Valerius entrou carregando uma bandeja com chá quente, comprimidos e uma tigela de frutas cortadas. O semblante dele estava firme, mas o olhar denunciava a preocupação que ele insistia em disfarçar.
— Bom dia, senhorita Ângela. — A voz dele soou calma, como se fosse um aviso para