Cap. 65
Cap. 65
— Valerius observou de longe. O homem que voltara do coma parecia mais inteiro, mas os olhos carregavam uma neblina escura, como se cada passo fosse guiado por um ódio mastigado em silêncio.
Quando ele entrou no quarto, Valerius se aproximou, mas perdeu a coragem de bater à porta. Hesitou, encarou o quarto de Ângela e podia sentir a tensão de duas pessoas que pareciam estar quebradas.
Encostou-se na porta de Lúcios e esperou. Não demorou muito para o estalo do vidro rasgar o silêncio da casa. O barulho ecoou pelo corredor. Valerius gelou. Em dois passos largos, empurrou a porta e seguiu até o banheiro, cuja porta estava aberta.
A luz do banheiro estava acesa. O espelho acima da pia estava estilhaçado, pedaços de vidro caídos sobre o mármore úmido.
Lúcios estava parado diante do estrago, respirando como um animal encurralado, as mãos cerradas, um fio de sangue escorrendo de um arranhão na palma, cortes entre os dedos — ele havia quebrado aquilo com o próprio punho.
Os olhos est