70. A PROCURA DE ISABELA
A chuva fina caía sobre a cidade quando Marcelo Diniz estacionou o carro diante de uma antiga pousada de fachada amarelada. O letreiro gasto dizia “Pousada Girassol”, mas algumas letras já haviam se apagado com o tempo.
Ele apagou o motor, observando o prédio através do para-brisa. O lugar parecia adormecido — silencioso, discreto — exatamente como as pessoas que queriam desaparecer do mundo.
Marcelo pegou o caderno de anotações, abriu na página onde o nome de Isabela estava sublinhado, e respirou fundo antes de sair.
Ao entrar, foi recebido pelo tilintar do sino da porta. O ar tinha cheiro de café velho e móveis encerados.
Atrás do balcão, uma senhora de cabelos grisalhos, magra e de semblante curioso, o olhou de cima a baixo antes de falar:
— Boa tarde, moço. Está procurando hospedagem?
— Na verdade, não — respondeu Marcelo, educado, mostrando seu crachá. — Sou investigador particular. Estou tentando localizar uma pessoa que se hospedou aqui há alguns anos. O nome dela é Isabela...