57. A FRUSTRAÇÃO DOS PEQUENOS
Na manhã seguinte, a rotina parecia a mesma: o cheiro de pão fresco tomava conta da cozinha, e Isabela já estava de avental, preparando o café da manhã. Mas havia uma tensão invisível pairando no ar. As crianças entraram, uma a uma, e se sentaram à mesa. Nenhum deles puxou conversa de imediato. O silêncio era incomum — normalmente, Lucas era o primeiro a falar sobre alguma travessura da escola ou Gabriela fazia perguntas sem fim.
Isabela fingia não perceber, mas por dentro sabia: o que havia dito na noite anterior ainda ecoava forte no coração dos filhos.
Foi Levi quem quebrou o silêncio, mordendo o pão devagar:
— Mamãe… você sempre disse que devemos ser fortes e nunca ter medo. Mas ontem você parecia com medo dele. Se ele é tão perigoso, por que simplesmente não fugimos para bem longe?
Isabela travou o gesto de servir o suco. Olhou para o filho mais velho, sentindo o coração apertar.
— Fugir não resolve tudo, Levi. Ele é poderoso… tem olhos e ouvidos em muitos lugares. O mais importa