Conexões Interrompidas
Narrado por Clara -
Não dormi.
Cada minuto daquela noite foi uma tortura silenciosa, pontuada pela lembrança da mensagem da Júlia. Pedro estava falando. Mentindo. Dominando a narrativa enquanto eu… eu estava no meio do nada, sem wi-fi, sem defesa, sem plateia.
Logo cedo, decidi descer até o mercadinho. Não só porque precisava de água e frutas, mas porque… Rafael estaria lá. E talvez, eu admitia em silêncio, era dele que eu precisava mais do que de qualquer coisa.
Ele estava organizando caixotes de tomates quando entrei. Não sorriu. Nem fez menção de me notar além do necessário.
— Bom dia — arrisquei, tentando parecer leve.
— Bom? — Ele me lançou um olhar rápido, depois voltou a empilhar.
Suspirei e fui até o balcão. Comprei duas garrafinhas de água, pão e alguns pacotes de biscoito. Paguei em silêncio.
— Eu… posso te perguntar uma coisa? — disse, hesitando.
Rafael ergueu uma sobrancelha, secando as mãos no avental encardido.
— Pergunta.
— O morro atrás da praia