Narrado por Clara –
Na manhã seguinte, acordei decidida a fazer as malas.
Olhei para o pequeno armário de madeira, onde minhas roupas estavam jogadas de qualquer jeito, e suspirei fundo. Peguei o celular, deixei carregando perto da janela, esperando o sinal melhorar.
Liguei o notebook, dessa vez com intenção.
Abri minha caixa de e-mails. Trinta novas mensagens. Entre elas, uma em destaque: “Proposta urgente – Exclusiva para contar sua versão da história.” Era de uma grande plataforma de streaming. Uma proposta para um documentário. Minha queda, minha redenção, tudo embalado em uma narrativa que eles venderiam como "verdadeira".
Sorri, mas o sorriso era amargo.
Minhas mãos tremiam. Poderia aceitar. Voltar para os holofotes. Restaurar meu nome. Controlar a narrativa.
Ser ouvida.
Mas, ao olhar para o lado, vi o caderno ainda aberto sobre a mesa. A folha com a carta inacabada para Rafael estava ali, as palavras carregadas de tudo que nunca tive coragem de dizer pessoalmente.
Uma batida