Narrado por Clara – O cheiro de café fresco me puxou para fora da cama antes mesmo do despertador tocar. Não que eu precisasse de um. Eu não dormir direito, de novo.
Vesti um moletom qualquer, calcei as sandálias e segui pela rua de paralelepípedos, tentando ignorar a vontade de olhar o celular que, desde ontem, continuava enterrado sob a areia do meu esconderijo improvisado.
O sino na porta do café da Marina tilintou assim que entrei. O lugar era pequeno, com mesas de madeira antiga e toalhas floridas. Nas paredes, fotos emolduradas da vila: barcos no cais, crianças brincando na praça, casais desconhecidos em abraços sinceros. Tudo tão real. Tão cru.
Marina estava atrás do balcão, girando distraidamente uma colher dentro de uma xícara.
— Bom dia, forasteira. — Ela sorriu, mas o olhar era atento. — Achei que já estivesse com um pé no aeroporto.
— Por pouco. — Sentei no banco perto do balcão. — Rafael… ele me pediu pra ficar mais uma semana.
Ela arqueou uma sobrancelha.
— E você aceito