Eu já tinha perdido a noção do tempo ali dentro.
A pista de dança parecia um oceano vivo, engolindo qualquer pensamento lúcido que tentasse emergir. Só que, mesmo bêbado, a lembrança deles dois — Bridget e Maxwell — ainda estava ali, cutucando.
Pedi mais uma dose. A garçonete me olhou como quem avalia se vale a pena servir, mas acabou servindo.
Virei o copo, sentindo o fogo descendo pela garganta. Foi quando ouvi uma voz atrás de mim.
— Andrew?
Virei devagar. Meus olhos demoraram para focar, mas reconheci. Era Clarice, amiga de longa data da Bridget, aquela que eu tinha visto apenas duas vezes na vida. Alta, vestido justo, e com um sorriso que não chegava nos olhos.
— Você por aqui? — ela perguntou, inclinando-se para me ouvir melhor no meio do barulho. — Não sabia que você era do tipo boate às… — olhou o relógio — … oito da manhã.
— Não sou — respondi, bebendo de novo. — Mas tem coisas que merecem ser esquecidas.
Ela riu, mas parecia… nervosa.
— Então… você e a Bridget… estão bem?