CALEB
A chuva começou antes do escurecer. Dessas chuvas largas, de gota pesada, que chegam de mansinho, mas logo tomam tudo — o som das goteiras, o cheiro de barro acordado, o campo inteiro se curvando sob o peso da água.
Eu estava chegando em casa quando meu pai apareceu na porta.
O casaco velho dele pendia nos ombros, e o rosto vinha cansado de quem ainda teima em vigiar tudo, mesmo depois que o corpo já pediu trégua.
— A Savana ainda tá lá na sede, né? — perguntou, enxugando o rosto com o lenço do bolso.
— Deve estar — respondi.
— Leva o jantar pra ela.
Olhei pra ele com uma sobrancelha arqueada.
— Eu?
— Você mesmo. — Estendeu um embrulho envolto em pano de prato. — É umpouco do que fiz para o jantar. Arroz, carne ensopada e pão fresco. Com essa chuva, ninguém vai querer sair. E ela não vai lembrar de comer.
Tentei argumentar.
— Pai, não é como se ela…
— Caleb. — A voz dele cortou, firme, do jeito que sempre fazia quando não havia espaço pra discussão. — Você vai.
Peguei o embrulh