A alma da casa
Mais um dia nasce e com ele a determinação de recomeçar. Levanto-me cedo, com o coração ainda acelerado pelas recordações que a reforma do sítio tem me trazido, e sigo para a cozinha, o centro pulsante deste lar que lentamente ganha nova vida.
A cozinha, o lugar onde tantos momentos de ternura e partilha aconteceram, apresenta-se diante de mim em seu estado crú.
O fogão enferrujado, que antes era mero coadjuvante nas manhãs caóticas, agora clama por renascimento.
Com a escova de aço firme em minhas mãos, começo a trabalhar; raspo com paciência o descaso de anos de abandono.
Cada movimento é feito com cuidado, como se minha mãe, com seu toque delicado, estivesse me ensinando a importância de cada gesto.
Troco os antigos puxadores dos armários por novos, de cerâmica com pequenas flores azuis, escolhidos a dedo para relembrar as cortinas que ela tanto amava.
Lavo cada prateleira minuciosamente, e a pia, antes opaca e manchada, volta a brilhar, como se refletisse a pr