Foram doze horas de viagem sem pausa até São Paulo e eu não fui capaz de pregar o olho de preocupação. Pego a mala na esteira sem nem olhar direito, o coração acelerado batendo no peito como um tambor.
Um táxi amarelo para na minha frente. O motorista, um homem de meia-idade com bigode grisalho, abre o porta-malas sem dizer nada.
— Hospital Sírio Libanês. Rápido.
Ele assente e arranca. Eu me afundo no banco de trás, o celular na mão, discando de novo para a mamãe. Nada. Rayane também não atende. "Por favor, Deus, que ele esteja bem", penso, mordendo o lábio até sentir o gosto de sangue.
O trânsito da Marginal Pinheiros está um caos. Cada semáforo vermelho parece uma eternidade. Olho pela janela, vendo a cidade que eu amo passar borrada: o rio Pinheiros sujo, os grafites nas paredes, os vendedores de água nos sinais. Tudo normal, menos eu.
— Chegamos, moça. — diz o taxista, parando em frente ao hospital.
Pago rapidamente, pego a mala e entro pelas portas automáticas. O cheiro de