Lysandro a observava com uma intensidade quase possessiva. Ele não estava acostumado a ouvir "não", muito menos de alguém que ele considerava estar em uma posição tão frágil.
— Eu não quero você trabalhando, Ofélia. Eu só queria te ver pessoalmente para falar sobre isso. — Ele se inclinou um pouco mais na direção dela, com a voz baixando.
— Sugiro que você vá estudar, escolha um curso, algo que goste, e aceite uma mesada minha. Quero você por perto, como uma namorada, com conforto.
Lia sorriu, mas era um sorriso triste, balançando a cabeça negativamente. A dignidade era a única coisa que lhe restava de fato.
— Eu agradeço, de verdade. Mas não vou abrir mão da minha independência. Meu trabalho é o que me mantém de pé.
O rosto de Lysandro endureceu subitamente. A expressão relaxada deu lugar a uma máscara de seriedade fria.
— Tá. Mas você entende que isso... nós... ninguém pode saber? — O tom dele era frio, estabelecendo um limite claro entre o mundo privado deles e a realidade social