Narrado por Lorena)
O som do monitor cardíaco preenchia o quarto.
Batimentos estáveis.
Respiração lenta.
Mas o ar entre nós… era pesado.
Gustavo dormia. Ou descansava com os olhos fechados.
Às vezes abria, encarava o teto, como se tentasse lembrar de um sonho que escorregava pelos dedos.
E outras vezes… me olhava.
Não com medo.
Com um tipo de confiança que cortava mais fundo que qualquer palavra.
Como se dissesse: eu não lembro… mas eu sei que você me segurou.
E segurei.
Mas agora…
eu tô começando a escorregar.
**
O telefone tocou.
Linha segura. Número criptografado.
A única que eu ainda usava.
Atendi.
— “Dra. Lorena?”
— “Sim.”
A voz do outro lado era baixa. Pressionada.
— “Soube que houve movimentação no Metropolitano. Um civil acessou arquivos antigos. Gustavo Andrade.”
Meu estômago virou.
— “Quem era?”
— “Não sei. Não se apresentou direito. Mas sabia datas. Sabia o número do quarto. Sabia sobre você.”
Fiquei em silêncio.
— “E tem mais, doutora. Uma outra ligação chegou hoje. Um adv