capítulo 25

[NARRADO POR GUSTAVO HENRIQUE OLIVEIRA ANDRADE]

Três da manhã.

Cais leste da Marina do Flamengo.

O vento vinha forte, rasgando a pele, trazendo o cheiro de mar e ferrugem.

A cidade dormia — ou fingia que dormia.

Mas eu não.

Eu tava acordado.

Acordado e carregando dentro do peito a única certeza que ainda fazia sentido:

Eu não ia sair dali sem sangue nas mãos.

O coração batia forte.

No compasso da vingança.

No ritmo sujo do que eu tinha perdido.

**

Dirigi até lá sem pressa.

A estrada vazia passando como um borrão cinzento do lado de fora do carro.

O rádio desligado.

A lembrança ligada.

Cada respiração me lembrava dela.

Bianca.

**

O nome dela preso nos dentes como gosto de ferro.

A risada dela — aquela que eu nunca mais ouvi — batendo na cabeça como martelo.

E junto dessa porra toda... ele.

Caio.

O amigo.

O traidor.

O filho da puta que se enfiou na vida que era minha.

**

Eu nunca vi.

Nunca presenciei.

Mas o que a mente constrói, às vezes, dói mais do que qualquer prova.

Na minha cabeça,
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