capítulo 16

Capítulo: O Homem Que Voltou do Silêncio

Narrado por Gustavo Henrique Oliveira Andrade

Escuro.

Foi a última coisa que lembro.

O céu escurecendo pela janela do avião, o som grave de algo se partindo, o cheiro de combustível. Depois disso, só o impacto. A pancada. O corpo voando sem saber onde ia cair.

E então… o nada.

Mas não um nada calmo.

Um nada com cheiro de hospital, com máquinas apitando longe, com vozes que vinham e iam como ondas. Às vezes eu ouvia meu nome. Às vezes só o som de passos. Outras… era silêncio demais pra suportar.

Teve uma época — se é que dá pra chamar assim — que eu achava que tava sonhando. Que ia acordar e contar tudo pra Bia, rindo. Que ia abraçar meu filho e dizer que foi só um pesadelo bobo do papai.

Mas o tempo passou. E o tempo, mesmo no escuro, pesa. Começa a doer no peito, nas costas, na alma. Até o sono vira prisão.

Eu escutava uma voz. Sempre a mesma.

Feminina. Firme. Cansada. Bonita.

— “Você tá vivo, Gustavo. Eu tô aqui.”

E eu me agarrava àquela voz
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