[NARRADO POR GUSTAVO HENRIQUE OLIVEIRA ANDRADE]
Renan esticou as pernas no banco de concreto, a luz morta dos postes lambendo o cimento rachado.
Assobiou de leve, ouvindo o eco morrer no vento, e mandou:
— "Então faz assim, irmão: me apresenta essa doutora. Se tu não vai querer, vai que eu me apaixono."
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O incômodo veio na hora.
Não foi ciúme.
Foi aquela fisgada de bicho, de território, de dívida que nem se explica.
Virei o rosto devagar.
O sorriso do Renan perdeu um pouco da coragem.
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— "A fila pra falar com ela passa por mim. Guichê fechado até segunda ordem." — falei, a voz saindo arranhada.
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Ele ergueu as mãos no ar:
— "Calma, fantasma! Só queria apertar a mão da mulher que te remontou, caralho. Vai que ela me ensina a colar meus pedaços também."
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Respirei fundo.
O cheiro do mar misturado com a raiva era pesado demais.
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— "Lorena tá ocupada mantendo meu coração batendo. Quando sobrar tempo, ela escolhe quem merece aula de cola."
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Renan riu, balançando a cabeça:
— "Só t