5

Miranda Araújo.

Talvez fosse só o susto.

Eu repetia isso mentalmente, tentando fazer meu coração desacelerar. Tudo que tinha acontecido nos últimos dias… a briga com minha avó, a mudança apressada, aquele noticiário sobre o tal serial killer, tudo parecia ter deixado minha cabeça mais frágil do que eu queria admitir.

Respirei fundo, desviando o olhar, tentando me convencer de que eu estava apenas paranoica.

Mas o problema era… aquele homem estava vindo em minha direção.

Aquele cara estranho, me observando sem piscar.

“ Que estranho… “ Pensei novamente. “Mas ele é bonito… de um jeito misterioso” ergui uma das sobrancelhas.

Minhas amigas chegaram ofegantes, depois de quase correm para me alcançar.

— Miranda! — uma delas disse, segurando meu braço. — Tá tudo bem? Por que você parou do nada?

Forçei um sorriso, tentando soar convincente

— Tá sim… eu só me distraí um pouco.

Antes que eu pudesse retomar o passo, dei meia-volta… e quase bati de cara nele.

Ele já estava ali, bem atrás de mim.

Que susto....

Meu coração disparou ainda mais.. Era como se ele tivesse aparecido do nada.

Levei um grande susto, mas tentei me recompor rápido, arrumando o cabelo como se fosse só uma coincidência infeliz.

Foi então que ouvi sua voz pela primeira vez.

Grave, calma… serena.

— Você deve ser a escritora Miranda, não é? — questionou.

Travei.

Não só pelo jeito direto como perguntou, mas pela mistura estranha que aquilo me causou.

Medo e curiosidade.

Como ele sabia meu nome?

Minha garganta secou, mas antes que eu conseguisse responder, ele sorriu.

Um sorriso simpático, confiante, como se quisesse acalmar meu desconforto.

Ele começou a falar novamente.

— Eu li seu último livro — continuou. — Gostei bastante. É raro encontrar alguém com uma escrita que prenda tanto. Também estou aqui para o concurso… é bom ver alguém com gosto parecido com o meu.

O alívio veio de repente após ouvi-lo.

Ah… então era isso. Só mais um escritor. Não um perseguidor, não um maluco, só alguém interessado em literatura como eu.

Bom, isso me aliviou um pouco, relaxei os ombros.

— Ahh... Obrigada — respondi, meio sem jeito. — Eu… desculpa, é que você me assustou um pouco.

Ele inclinou a cabeça, como quem compreendia perfeitamente.

— Normal. Esse lugar pode ser intimidador.

Agradeci pelo elogio, e ele deu um passo mais perto. Isso me deixou envergonhada, parecia íntimo demais para alguém que eu nunca tinha visto antes.

Como ele consegue agir assim?

Arregalei os olhos e desviei um pouco o olhar.

Minhas amigas trocaram olhares e riram.

— Tá bom, ehhh... vamos deixar vocês dois conversarem — disseram, quase em coro.

— Fiquem! — protestei, mas elas já estavam se afastando, fingindo que tinham ido ver outras obras.

E eu, fiquei sozinha com ele. Ficava sem jeito de ficar olhando pra ele...

Estava com muita vergonha... intimidada... era tanta coisa ao mesmo tempo...

Quem é ele? Não tinha perguntando seu nome.

Por alguns segundos, não soube o que dizer.

Mas não foi como se precisasse. Ele parecia ter assunto para tudo, e logo estávamos conversando como se nos conhecêssemos há anos.

Nos sentamos e ele continuou a conversa.

As perguntas eram diretas, mas não invasivas, e respondi quase sem perceber.

Aquela estranheza de antes não sumiu… ficou ali, escondida. Mas, pelo menos, já não me deixava em alerta.

Os minutos passaram rápido demais. Ele parecia gostar das mesmas coisas que eu. Literatura, filmes, até os cafés que mencionamos coincidiam. Era estranho… e, ao mesmo tempo, divertido.

Depois de uma pequena palestra e algumas fotos com os organizadores, já era hora de ir. Mas antes de me despedir, a curiosidade me venceu.

— E você? Escreve o quê Ruan? — Era esse o nome dele.

Ele sorriu, como se tivesse esperado por essa pergunta.

— Um pouco de tudo, mas o que mais me atrai é suspense, mistério… investigação policial.

Senti um frio na barriga.

O noticiário sobre o serial killer me veio à mente na mesma hora. Eu tentei ignorar, mas ele continuou:

— Sempre fui fascinado por casos criminais. Gosto de escrevê-los, resolvê-los. É como entrar na mente de alguém… perigoso. — disse me olhando com tanta atenção que senti alto estranho...

Aquele desconforto voltou. Não queria parecer mal-educada, mas aquilo mexia comigo.

Então mudei de assunto rápido, antes que estragasse o momento.

— Amo muito escrever, tem anos que sou apaixonada no mundo da literatura. Entro nesse mundo quando escrevo. — comentei com ele, mas me levantei, decidi ir embora.

— Tenho que ir agora, foi bom te conhecer, Ruan. — disse estendendo minha mão.

Ele a pegou... um gesto suave, até carinhoso.

Ele sorriu e antes de ir, ainda com as mãos dele nas minhas que se recusava a soltar, Ruan disse.

— Pode me passar seu número? Gostei de conversar com você. Não é com todos que me sinto tão aberto para conversar... me senti à vontade com você. E somos parecidos em vários sentidos. — Esperou minha resposta, esboçando um leve sorriso.

Dei uma hesitava.

Passava ou não meu número?

Uma parte de mim gritava para não dar, mas acabei cedendo, meio perdida, no charme dele.

Ele soltou a minha mão e anotou meu número em seu celular. Um iPhone.

Eu sei que não devia ter passado meu número, talvez eu seja idiota mesmo.

Mas foi tão rápido, quase automático, e depois fiquei me perguntando se tinha feito certo.

Ele se afastou de mim e acenou, com um sorriso contente no rosto.

Por que fiz isso?

Fiquei encantada por aquele homem alto, misterioso e sexy?

Os olhos dele eram tão expressivos, pretos, rosto marcante... Simplesmente não entendi porque cedi assim.

Em seguida, procurei minhas amigas, mas só recebi uma mensagem:

"Fomos para o hotel. Achamos que você precisava de um tempo a sós ;)"

Quase morri de vergonha.

Elas nunca mudavam.

Como não era longe, decidi ir andando. O GPS mostrava apenas alguns minutos até o hotel. A noite estava calma, as ruas iluminadas por postes espaçados.

Respirei fundo, tentando reorganizar meus pensamentos e sai.

Só que… na metade do percurso, algo pareceu errado.

Aquele silêncio, parecia estar mais pesado.

Foi quando ouvi os passos.

Bem atrás de mim.

Conseguia ouvir claramente o som de sapatos tocando o asfalto, mas quando me virei… nada. Rua vazia. Um carro estacionado, uma lixeira no canto, nada mais.

Continuei andando, acelerando o passo. O som voltou.

Mais forte. Mais próximo.

Meu coração disparou, minhas mãos suaram. Olhei para todos os lados, mas não havia ninguém.

“ Eu só posso estar ficando louca… pensando demais na droga daquele maldito noticiário”

Olhei mais uma vez à minha volta.

Ainda sem ninguém visível, pelo menos.

Mas mesmo assim, parte de mim tinha certeza.

Alguém estava me seguindo.

Então eu corri apressadamente até o hotel... sentindo meu coração batendo tão rápido que chegava a me incomodar...

Eu tinha que ser rápida... antes que algo horrível... acontecesse.

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