Capítulo 175

Priscila Barcella

A dor tem cheiro.

Tem gosto.

Tem cor.

E naquele instante, quando abri a porta, eu pude sentir o cheiro pútrido do passado invadindo minha casa.

Era ele.

O homem que destruiu minha infância, roubou minha inocência, me condenou ao inferno...

E que agora, de pé na minha frente, sorria como se fosse apenas mais uma tarde qualquer.

O tempo parou.

Meu corpo inteiro congelou.

Por um segundo, não fui a mulher forte que criei a duras penas, nem a mãe que protegia com unhas e dentes as crianças que agora dormiam inocentes ali dentro.

Por um segundo, voltei a ser a Priscila de cinco anos, pequena, acuada, tremendo de medo no canto sujo do quarto escuro.

Podia sentir o cheiro de mofo, ouvir os gritos abafados atrás da porta, o ranger do assoalho sob os passos pesados que anunciavam o pior.

Minha respiração falhou.

Meu estômago revirou.

— Olá, querida sobrinha — disse ele, com a mesma voz repugnante de sempre, como se nada tivesse acontecido.

Minha pele se arrepiou dos pés à cabe
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