Priscila Barcella
Saí com Rafaela e, desde o início, percebi que seus olhos estavam constantemente em mim. Era um olhar carregado de algo mais profundo do que simples curiosidade. Saímos do elevador e estávamos indo até a garagem e já estava desconfortável, como se ela estivesse tentando me decifrar.
Depois de alguns minutos de silêncio, resolvi quebrar o clima tenso.
— Rafaela, você está me encarando como se eu fosse um quebra-cabeça de mil peças. O que está pegando?
Ela corou, surpresa por eu ter notado. Tentou disfarçar ajeitando o cabelo atrás da orelha, mas não respondeu de imediato. Suspirei, parando no meio do corredor.
— Fala logo. Você não é do tipo que guarda as coisas.
Ela parou ao meu lado, apertando a alça da bolsa como se aquilo a ancorasse à realidade. Respirou fundo antes de começar:
— É só que... eu não entendo como você e o Max conseguem estar tão bem resolvidos. A Nina só tem cinco meses. Isso não é tempo suficiente para superar tudo.
Fiquei em silêncio por um mome