A noite na praia foi longa, tensa e coberta de silêncios pesados. Eles se revezavam na vigília dos prisioneiros, mas ninguém realmente dormiu. Todos estavam à beira – da exaustão, da paranoia, da ruptura.
Quando o sol finalmente despontou, a areia grudava nos corpos suados.
Heleana rompeu o silêncio como uma lâmina atravessando carne.
— Eu preciso me alimentar, porra! — rosnou, os olhos brilhando em fúria animalesca.
Astar ignorou. O silêncio dele era mais agressivo do que qualquer resposta.
— EU PRECISO ME ALIMENTAR OU VOU MORRER! — berrou, sua voz ecoando pela floresta próxima como um grito de caça.
Astar não se virou para ela. Se agachou diante de Aaron, que jazia encostado a uma pedra, mãos amarradas, ferido, mas com um olhar sereno que parecia zombar de todos.
— Qual era o ponto de encontro da puta da sua mãe? — perguntou, com um fio de voz gélido.
Aaron riu baixo. Uma risada oca, seca. A sombra de um deboche cortando a tensão como navalha.
— Não tínhamos ponto de encontro.
— Ach