O tempo pareceu parar, a atmosfera ficou mais baixa e o vento frio do meio de uma noite pareceu congela-los naquela rua, naquele momento.Ayla tinha certeza de que se ela chegasse só um pouco mais perto, seria capaz de ouvir as batidas do coração de Juan. Juan conseguia ouvir e refletir a respiração ofegante de Ayla, os olhos ainda presos nos dela.E aquele último dialogo, um dialogo que não dissera nada, e de alguma maneira, dissera tudo ainda rodando em todo aquele lugar. Ecoando entre eles.—O que isso quer dizer agora?— Ayla perguntou, por fim.Sua voz estava trêmula, como se ela temesse a resposta de Juan, como se temesse tudo que estava ou não por vir.Juan engoliu em seco, e com isso, ele foi forte o suficiente para engolir todas suas inseguranças, seus medos e deixar, pelo menos uma única vez, toda sua coragem e força se expandir dele.—Eu nunca desejei que nós tivéssemos perdido a batalha e acabar por escolher a distância.— Juan murmura, cada palavra sua coberta de sinceridad
Capítulo 50—Poupei tempo.— Juan diz simplesmente. —Se eu passasse mais um minuto com aquela mulher, eu iria enlouquecer.Ayla dá um risinho, porque ela entende aquilo perfeitamente.—Espero que você saiba que amanhã a cidade estará cheia que eu dividi o quarto com um ‘bonitão da cidade grande’—. Ayla se refere a como Martha chamou Juan e ele faz uma careta.—Você se incomoda?— Juan perguntou de repente, assim que eles param em frente ao quarto em que Ayla estavam. —Porque eu posso ir embora. Eu aluguei um carro e posso ir pra alguma cidade vizinha.Antes que Juan pudesse continuar com aquela sugestão absurda, Ayla levou suas mãos até o peito dele e em seguida até os seus lábios, o silenciando.—Você pode ficar aqui. Você poder passar a noite no meu quarto.— Ela diz, a voz mais baixa. —Isso se você não se incomodar com o fato de que ainda estou um pouco bêbada.Ayla sorriu enquanto abria a porta e Juan a acompanhou. O quarto era pequeno e não contava com muitos moveis além de uma cama
A claridade de uma manhã já atravessava as frestas da janela quando Ayla se remexeu na cama. Assim que o faz, um sorriso tímido e involuntário sai dos seus lábios ao sentir que o seu lado na cama estava perfeitamente preenchido.Ela se vira para o lado ao despertar, e assiste Juan dormindo perfeitamente ao seu lado, e naquele momento, ela se viu completamente rendida à sua beleza. Mais presa a ele do que achou que seria capaz. E aquilo foi mais que suficiente para fazer sua mente sair mundo a fora e ela se permitiu se entregar aos seus devaneios.Desde a primeira vez, sempre houve alguma coisa em Juan, que sempre fascinara a Ayla. Algo como a curiosidade desperta pelo passado dele, tanto quanto o anseio para saber qual seria o futuro dele. Com quem seria.Porque a verdade era que existia bilhões de pessoas ao redor do globo, mas era apenas ele quem Ayla queria. Porque sempre houve alguma coisa nele, ou tudo nele, que a enlouquecia.Fazia muito tempo desde que, nada daquele jeito, naqu
Ayla se recompõe e dando a volta, retorna ao seu quarto e ela observa a cama vazia. Juan já estava de pé, e completamente vestido, os cabelos negros em desordem e um sorriso tão magnifico que fizera o coração de Ayla errar uma batida.—Bom dia!— ele diz, olhando para ela e para o relógio em seu pulso. —Sabe quanto tempo eu não dormia assim?Ayla sorri enquanto dá voltas no quarto, retirando as bagunças jogadas no meio do quarto. Ela não quer encarar Juan, tem medo de fazê-lo. De encarar todos seus medos personificados ali.—Nunca o vi acordando depois das sete da manhã. E já são quase meio-dia.— Ela comenta.—Estava finalmente em paz.— Ele diz. —Onde você estava?Ayla morde o próprio lábio com força quando ouve aquela pergunta e só tem certeza que não quer explicar ou começar mais nenhum conflito. Não além do que está dentro dela.—Ah, eu fui apenas ver se tínhamos serviço de quarto; café da manhã ou almoço.— Ela fala a primeira coisa que vem a sua mente. —E não temos.Juan sorri, ape
Ayla assiste aquela cena como se fosse uma figurante em uma tragédia de sua própria família. Ela assiste sua irmã, desesperada, enquanto pede ajuda a quem quer que seja naquele restaurante.Ayla quer se mover, quer reagir, mas está grudada no chão, sentindo-se congelada no tempo e em um fato que ela claramente não quer enxergar, não quer enfrentar. Mas sabe que precisa.Juan ao seu lado, assiste toda aquela cena, confuso e se encontra completamente perturbado ao ver o modo que Ayla está petrificada, os olhos brilhando de terror e dor.Ele se sente imponente, então, apenas coloca os braços em volta dos seus ombros, quando pergunta:—Aquela é a sua irmã, Ayla? Você quer saber o que aconteceu?A verdade é que diante daquela situação, Juan estava completamente confuso. Ele já estava assim, desde a última noite quando se perguntava como Ayla, ao retornar para sua cidade natal, havia preferido ficar em uma pousada irreal a ficar na casa dos seus pais.E agora, ela parecia completamente alhe
Eles seguem até a recepção do hospital e Ayla fala:—Por favor, preciso saber sobre Deise Green. Ela deu entrada aqui, mais cedo.A recepcionista assente e após olhar para tela do computador, informa:—Décimo segundo andar. Sala 13.E tão rápido quanto chegou ali, Juan e Ayla seguem até o elevador até pararem no andar certo.Assim que as portas do elevador se abrem, Ayla dá de cara com sua família na sala de espera. Sua irmã e o marido dela estão lá, assim como seu pai. Todos param para a encarar, como se ela fosse uma esquisita invadindo o espaço deles.—O que está fazendo aqui?— Cynthia para rapidamente em frente a Ayla. —A mamãe piorou por sua causa.Ayla realmente não queria brigar mais, realmente não queria fingir mais.—Cyn, aqui não.— Logan, seu marido, tenta acalmá-la ao seu lado.Ele olha para Ayla e Juan como se desculpasse pela falta de controle de sua esposa.—Eu não vou ficar no mesmo lugar que ela!— Cynthia conclui e no mesmo instante sai, indo para o lado mais distante
Ayla se perguntava se havia sido amaldiçoada, se pergunta por que estava sendo punida daquele jeito, sofrendo como tantas outras vezes. Mas dessa vez, parecia estupidamente maior o desespero presente em seu coração.Ayla reconhece que se fosse uma mulher mais fraca, depois de tudo que aconteceu com ela, ela já teria perdido a esperança. Mas uma mulher forte não estaria aos pedaços como ela estava agora, não fugiria.E foi exatamente isso que aconteceu; Ayla deixou todos para trás e saiu correndo daquele hospital.Ela não conhecia absolutamente nada naquela cidade, então só correu, embaixo da chuva, para qualquer lugar onde pudesse ficar sozinha e enxergar o que aconteceu e gritar. Gritar de verdade.—Por quê?— seu grito reverbera, quando ela se senta, debaixo de uma árvore e ali, chora, se desintegrando em várias peças.Ayla estava enfrentando o seu dia mais escuro, a vida mais escura. Se sentia fraca, irregular, como se não existisse no mundo, nenhum lugar para ela ficar.Ayla não sa
Capítulo 56Martha passa as mãos nos próprios cabelos, sente-se pressionada e só quer se livrar de um segredo que guardara há tanto.—É em um lugar remoto. Distante de tudo na cidade, na zona rural.Ayla engole em seco e reunindo toda sua coragem e ousadia, Ayla fala:—Me leve lá. Agora.Martha arregala os olhos no mesmo instante e começa a gaguejar, nervosa.—Ayla, eu não... Eu...—Eu tenho que resolver isso. Agora.— Ayla rebate. —Você é a única pista que tenho. A única pessoa que se atreveu a me dizer a verdade. Então, me leve.—Droga!— Martha resmunga, exasperada. Mas em seguida, pega as chaves do seu carro. —Vamos.Ayla então, a segue. Enquanto faz aquele trajeto, a solidão de uma vida inteira e o silêncio a envolvem. Ela se sente perdida, sentia frio como se estivesse presa numa madrugada.Enquanto Martha dirige, Ayla observa todo aquele caminho. Percebe que aquele local era realmente afastado de todos, um lugar isolado. Uma longa estrada de barro seguia direto a uma casa no meio