—Às vezes, o maior risco na vida não é tentar e falhar, mas sim se recusar a tentar. As cicatrizes do passado devem se tornar os lembretes do presente, e não as correntes que te prendem ao que passou. O amor é uma jornada corajosa; não deixe que o medo o impeça de conseguir a glória da chegada.Foram aquelas últimas palavras que saíram da boca de Ryan, a última vez que ele decidira tocar no assunto e tentar tocar, de alguma maneira e por alguma sorte, a teimosia e o sentimento de Juan.Seu irmão apenas engole em seco, ele não tinha muito do que falar. Juan sabia que Ryan tinha razão, em cada palavra que dissera, mas o seu medo o deixava quase paralisado, as lembranças da sensação de ter a confiança rompida ainda queimava profundamente.—Obrigado, Ryan.— Em contrapartida, isso é tudo que ele diz.Juan desejava abrir mais o seu coração e falar que compreendia o que Ryan dissera e também falar o que queimava em seu peito, mas ele não conseguia fazer aquilo. Parecia que a única pessoa com
Capítulo 46Enquanto Juan lidava com as consequências de sua escolha, ou não-escolha, Ayla caminhava sob as luzes da cidade até o caminho do bar.Já era noite e as pequenas luzes coloridas da rua pareciam tão bonitas como sempre foram, brilhando em contraste com a pequenas estrelinhas no céu.Assim que Ayla chega em frente ao bar, ela enxerga Jeff, que a espera com um sorriso no rosto. Os olhos castanhos brilhando, os cabelos ruivos e úmidos penteados para trás. Ele vestia uma jaqueta jeans escuro e suas mãos estavam enfiadas no bolso enquanto Ayla seguia em sua direção.—Aqui estamos nós, de volta a Clash '99.— Ayla anuncia sorrindo quando para ao lado dele.—Assim como nos velhos tempos.— Jeff responde sorrindo e então se abaixa para a cumprimentar e dar um beijo rápido em sua bochecha. —Você ainda usa o mesmo perfume.— Ele notou.Ayla sorriu no mesmo instante e se perguntou que tipo de remédio para memória Jeff tomava.—Eu sou assim; previsível.— Ayla responde, por fim.Então os do
Capítulo 47Juan encarava Jeff fixamente, seus olhos brilhavam com a mais pura chama de revolta, ciúme e outro sentimento que ele não saberia nomear naquele momento. Ele só sabia que não era nada bom. Um turbilhão de emoções incontroláveis rugia dentro dele, como um mar agitado em uma tempestade sem fim.—Perdão, nós nos conhecemos?— Jeff perguntou, sua voz soando calma e polida, mas Juan podia detectar um leve traço de confusão em seu tom.As mãos de Jeff finalmente se afastaram do corpo de Ayla nesse momento, e só então Juan aliviou os punhos que estavam brutalmente cerrados, sentindo o latejar da tensão em suas veias.Jeff encarou Juan, curioso. A sobrancelha arqueada, uma batalha prestes a ser travada entre eles. Juan não cedeu nem sequer um passo para trás, mantendo-se firme e também o encarando, desafiador.—Não. E tenho certeza de que também não gostaria,— respondeu Juan, sua voz carregada de uma intensidade que quase soava como um rosnado, sua postura rígida como a de um guerr
—Acho que ainda falta muito para gente, um dia, poder caminhar na mesma estrada, dividir um mesmo caminho, sabia? Nós dois ainda precisamos aprender a falar, a conversa de verdade. E quando eu falo ‘nós’, me refiro a você.Naquele momento, Juan sentiu a própria culpa enterrando a dor em seu peito.Ele olhou para Ayla e engoliu em seco ao perceber o vazio em seu olhar. O olhar que antes ardia com uma paixão sobrenatural. E agora, todo aquele sentimento pareceu ter sido escondido em um canto da sua alma que também costumava brilhar. Mas agora tudo parecia estar pelo avesso e ele soube que tudo aquilo era culpa de sua própria estupidez.—Você conhece o ditado que diz que o não te mata te faz mais forte?— Juan perguntou de repente.Ayla estava tão confusa com aquela pergunta repentina que apenas negou com a cabeça e Juan continuou:—Porque o que não me mata, não me fez mais forte de jeito nenhum. Pelo contrário, é uma prova viva da minha fraqueza.Ayla engole em seco, sentindo que tinha
O tempo pareceu parar, a atmosfera ficou mais baixa e o vento frio do meio de uma noite pareceu congela-los naquela rua, naquele momento.Ayla tinha certeza de que se ela chegasse só um pouco mais perto, seria capaz de ouvir as batidas do coração de Juan. Juan conseguia ouvir e refletir a respiração ofegante de Ayla, os olhos ainda presos nos dela.E aquele último dialogo, um dialogo que não dissera nada, e de alguma maneira, dissera tudo ainda rodando em todo aquele lugar. Ecoando entre eles.—O que isso quer dizer agora?— Ayla perguntou, por fim.Sua voz estava trêmula, como se ela temesse a resposta de Juan, como se temesse tudo que estava ou não por vir.Juan engoliu em seco, e com isso, ele foi forte o suficiente para engolir todas suas inseguranças, seus medos e deixar, pelo menos uma única vez, toda sua coragem e força se expandir dele.—Eu nunca desejei que nós tivéssemos perdido a batalha e acabar por escolher a distância.— Juan murmura, cada palavra sua coberta de sinceridad
Capítulo 50—Poupei tempo.— Juan diz simplesmente. —Se eu passasse mais um minuto com aquela mulher, eu iria enlouquecer.Ayla dá um risinho, porque ela entende aquilo perfeitamente.—Espero que você saiba que amanhã a cidade estará cheia que eu dividi o quarto com um ‘bonitão da cidade grande’—. Ayla se refere a como Martha chamou Juan e ele faz uma careta.—Você se incomoda?— Juan perguntou de repente, assim que eles param em frente ao quarto em que Ayla estavam. —Porque eu posso ir embora. Eu aluguei um carro e posso ir pra alguma cidade vizinha.Antes que Juan pudesse continuar com aquela sugestão absurda, Ayla levou suas mãos até o peito dele e em seguida até os seus lábios, o silenciando.—Você pode ficar aqui. Você poder passar a noite no meu quarto.— Ela diz, a voz mais baixa. —Isso se você não se incomodar com o fato de que ainda estou um pouco bêbada.Ayla sorriu enquanto abria a porta e Juan a acompanhou. O quarto era pequeno e não contava com muitos moveis além de uma cama
A claridade de uma manhã já atravessava as frestas da janela quando Ayla se remexeu na cama. Assim que o faz, um sorriso tímido e involuntário sai dos seus lábios ao sentir que o seu lado na cama estava perfeitamente preenchido.Ela se vira para o lado ao despertar, e assiste Juan dormindo perfeitamente ao seu lado, e naquele momento, ela se viu completamente rendida à sua beleza. Mais presa a ele do que achou que seria capaz. E aquilo foi mais que suficiente para fazer sua mente sair mundo a fora e ela se permitiu se entregar aos seus devaneios.Desde a primeira vez, sempre houve alguma coisa em Juan, que sempre fascinara a Ayla. Algo como a curiosidade desperta pelo passado dele, tanto quanto o anseio para saber qual seria o futuro dele. Com quem seria.Porque a verdade era que existia bilhões de pessoas ao redor do globo, mas era apenas ele quem Ayla queria. Porque sempre houve alguma coisa nele, ou tudo nele, que a enlouquecia.Fazia muito tempo desde que, nada daquele jeito, naqu
Ayla se recompõe e dando a volta, retorna ao seu quarto e ela observa a cama vazia. Juan já estava de pé, e completamente vestido, os cabelos negros em desordem e um sorriso tão magnifico que fizera o coração de Ayla errar uma batida.—Bom dia!— ele diz, olhando para ela e para o relógio em seu pulso. —Sabe quanto tempo eu não dormia assim?Ayla sorri enquanto dá voltas no quarto, retirando as bagunças jogadas no meio do quarto. Ela não quer encarar Juan, tem medo de fazê-lo. De encarar todos seus medos personificados ali.—Nunca o vi acordando depois das sete da manhã. E já são quase meio-dia.— Ela comenta.—Estava finalmente em paz.— Ele diz. —Onde você estava?Ayla morde o próprio lábio com força quando ouve aquela pergunta e só tem certeza que não quer explicar ou começar mais nenhum conflito. Não além do que está dentro dela.—Ah, eu fui apenas ver se tínhamos serviço de quarto; café da manhã ou almoço.— Ela fala a primeira coisa que vem a sua mente. —E não temos.Juan sorri, ape