Rebeca O nó no meu estômago aperta ainda mais enquanto encaro o teto do quarto. Algo está errado comigo hoje. Não consigo explicar essa sensação estranha, essa inquietação que se instalou em mim desde que acordei. Um casamento de desconhecidos não deveria me afetar desse jeito. Não sei nada sobre a noiva e muito menos sobre o noivo, mas a simples ideia de estar nesse evento me causa um desconforto absurdo. Eu deveria contar para as meninas? Nem pensar. Camila e Letícia surtariam se eu dissesse que não quero ir. Elas têm um talento especial para dramatizar tudo. A porta do quarto se escancara e a voz de Camila me arranca dos meus devaneios: — Gente, não acredito que vocês ainda estão na cama! Letícia resmunga ao meu lado e se estica preguiçosamente. Bocejo, afundando mais meu rosto no travesseiro antes de responder: — Amiga, essa cama é tão confortável que parece um orgasmo. Camila arregala os olhos, indignada. — Pare de pensar em orgasmos e levantem da cama agora! Temos um dia
Rebeca Voltamos ao hotel para um rápido descanso antes de nos vestirmos para o casamento. Assim que deitei na cama, coloquei meus fones de ouvido e fechei os olhos, me permitindo relaxar ao som da música. Mas o momento de paz durou pouco. O despertar abrupto — ACORDA, REBECA! O grito de Letícia ecoou pelo quarto como uma bomba. — CARAMBA! VOCÊ ESTÁ MALUCA?! QUER ME MATAR DE SUSTO?! — gritei, pulando da cama, meu coração disparado. Letícia me lançou um olhar exasperado. — Você não percebeu que horas são? Anda, vai se vestir logo! — Já estou indo, mas não precisava gritar! Já havia tomado banho antes de irmos ao salão, e meu cabelo e maquiagem estavam impecáveis. Agora, só faltava a peça final: o vestido. Deslizei para dentro do tecido luxuoso, sentindo o toque macio do veludo vermelho contra minha pele. O modelo era uma ousadia que eu normalmente não usaria costas nuas, um decote em V que valorizava meu colo e uma fenda generosa que desenhava minhas pernas a cada passo. Calc
Rebeca Os noivos e as testemunhas deixam o palco, e então, de repente, meus olhos encontram os dele. Aquele homem. Aquele maldito homem que me fez perder noites de sono, que bagunçou minha mente e que, mesmo depois de tanto tempo, ainda tem o poder de fazer meu coração acelerar com um único olhar. Droga. Eu não queria vê-lo. Eu jurei que nunca mais cruzaria com ele. Mas, com tanta gente aqui, eu deveria ter pelo menos a sorte de conseguir ignorá-lo. Só que não. O universo gosta de brincar comigo. Enquanto os noivos se dirigem ao salão para receber os cumprimentos, meu único pensamento é encontrar uma bebida forte. Qualquer coisa que consiga anestesiar essa avalanche de emoções que me atingiu assim que vi aquele homem. Que droga! Que castigo é esse? Minha vontade é de chorar. De gritar. De perguntar por que ele tinha que estar aqui, tão perto e, ao mesmo tempo, tão inalcançável. Nathifa me faz uma pergunta, mas estou tão absorta nos meus pensamentos que nem percebo. Sinto um
Rahmi O salão de festas estava lotado, repleto de sorrisos, taças erguidas e murmúrios elegantes. Mas nada disso importava quando meus olhos pousaram nela. Meu coração falhou uma batida. Fechei os olhos por um instante, tentando me convencer de que era apenas uma alucinação. Talvez o desejo tivesse me enlouquecido ao ponto de me fazer ver o que mais ansiava. Mas quando abri os olhos de novo, ela ainda estava lá. Rebeca Um vestido longo e vermelho moldava suas curvas de maneira provocante, desafiando minha sanidade. O tecido escorria pelo seu corpo como uma segunda pele, brilhando sob as luzes do salão, e uma abertura lateral revelava sua coxa torneada a cada movimento sutil. Homens ao redor a devoravam com os olhos. Um nó se formou em minha garganta, e meu sangue ferveu. Minha linda… sempre sonhei com você. E agora está aqui, tão perto. Por meses, fui assombrado por essa mulher, por sua ausência e pelo vazio insuportável que ela deixou. Agora, vê-la assim, em carne e osso, me
Rebeca A claridade invade o quarto, forçando-me a abrir os olhos lentamente. Minha cabeça lateja, como se martelada por uma ressaca cruel. O ar condicionado mantém o ambiente gelado, mas minha pele está quente. Minhas lembranças são um borrão, mas a pergunta principal ecoa em minha mente: onde estou? Viro o rosto e encontro um criado-mudo com um copo de suco e um remédio. Sem pensar, tomo o comprimido e me permito alguns minutos de imobilidade, encarando o teto. Aos poucos, os flashes da noite passada retornam, trazendo consigo uma avalanche de emoções. Rahmi. O homem que me faz perder o fôlego. O mesmo que vi ao lado da noiva a noite inteira. Mas então, por que ele me beijou? Como ousa? Cretino! Desgraçado! O ciúme ainda pulsa forte, uma raiva ardente misturada com algo que me corrói por dentro. Eu queria ignorá-lo, queria ir embora sozinha, mas minhas amigas insistiram em me acompanhar até o bar do hotel. E foi lá que a noite realmente começou. O bar estava muito mais
Rebeca A água quente desliza pelo meu corpo enquanto massageio meus cabelos ensaboados. Meu coração b**e forte. Hoje à noite, não vou me segurar. Quero Rahmi inteiro, sem limites. O desejo pulsa em mim com uma intensidade quase sufocante. Quando saio do banho, envolta apenas em um roupão felpudo, o cheiro da comida se espalha pelo quarto. Eu devoro cada garfada como se estivesse me preparando para um combate. E, de certa forma, estou. Rahmi me observa com um sorriso presunçoso, seus olhos me devorando como se soubesse exatamente o que está por vir. — Humm, delícia! — exclamo, satisfeita. Ele solta uma risada baixa, cheia de promessas. — Você que é uma delícia — ele diz, sua voz carregada de desejo. Ele se levanta, leva os pratos para a bancada e, quando volta, tenta me beijar. Mas eu viro o rosto, brincando com a situação. — Estou com a barriga muito cheia. Você não quer transar agora, né? Ele me segura pela cintura e cola seus lábios no meu pescoço, mordiscando a pele sensíve
Rebeca Exaustos, desabamos na cama. Minha pele estava suada, meu corpo ainda formigando de prazer. Ele me puxou para seus braços, seu calor me envolvendo. — Nem pense em dormir, ainda não acabei com você — ele murmurou, sua voz preguiçosa e carregada de promessas. Soltei uma risada fraca. — Amor, estou exausta... posso dormir um pouco? A palavra escapou sem que eu percebesse, e meu coração disparou. "Amor". Chamei o turco que mal conheço de amor. Ele levantou o rosto, seu olhar me analisando por um longo momento antes de sorrir de lado. — Está bem — disse, relutante. Me aconcheguei contra ele, ouvindo os batimentos fortes de seu coração. A forma como ele me segurava, o jeito que sua voz soava possessiva, mas também carinhosa... Meu Deus, eu estava me apaixonando. — Eu queria ficar assim para sempre, nos seus braços. — Eu também, minha linda — ele respondeu, antes de selar nossos lábios em um beijo lento e profundo. Por um momento, esqueci de tudo. Da noiva dele. Da realidad
Rebeca O silêncio no quarto é cortado apenas pela nossa respiração entrecortada. O calor dos nossos corpos ainda se mistura, mas meu coração está inquieto. Sinto as lágrimas deslizando pelo meu rosto antes mesmo de perceber que estou chorando. — Por que você está chorando, minha linda? — Rahmi pergunta, deitado ao meu lado, seus dedos acariciando minha pele com ternura. Forço um sorriso, tentando esconder a dor que insiste em se alojar em meu peito. — Nada, não se preocupe! — respondo, desviando o olhar. Mas ele me conhece bem demais. Seus olhos me analisam com intensidade, e logo o desejo volta a se manifestar. Ele me toma com paixão, seus beijos famintos percorrem meu corpo, e em um instante, estamos novamente entregues ao prazer. Cada movimento dele dentro de mim é uma mistura de desejo e desespero, como se quisesse se gravar em minha alma. E então, o clímax nos arrasta juntos, nos fazendo esquecer por um breve momento o caos que nos cerca. Ainda ofegantes, me perco na profu