RahmiQuem diria que eu, que sempre bati no peito dizendo que nunca quis ser pai, estaria aqui... completamente rendido por esse pequeno furacão correndo pela varanda da minha casa? Pietro. Meu filho. Com os olhos e a pele da mãe, é a definição de beleza pura. Um serzinho que sorri e o mundo inteiro se curva.É engraçado como a vida prega peças. Meus pais aqueles mesmos que já torceram o nariz só de ouvir o nome da mãe dele agora fazem questão de pegar o primeiro voo pro Rio de Janeiro todo mês. Eles dizem que vêm ver a família, mas a verdade é que não conseguem passar muito tempo longe do neto. Pietro virou o xodó dos dois. Mimado é pouco pra definir.Já Nathifa... aparece de vez em quando. Está focada na carreira e não posso culpá-la. Ela transformou um sonho em realidade e hoje comanda a própria loja de roupas, onde desenha cada peça com as próprias mãos. Uma estilista respeitada, com talento e visão de negócios. Isso definitivamente corre nas veias dela.Mas hoje… hoje é um dia
Rahmi Cheguei ao Brasil às oito da manhã para uma série de compromissos profissionais. Enquanto me preparava para minha primeira palestra, meus pensamentos vagavam pelos velhos tempos, me levando direto a Roberto. Não hesitei em procurá-lo. Sabia que ele ficaria feliz em me ver e, sinceramente, a ideia de passar esses dias sem alguém de confiança para me acompanhar me parecia insuportável. Nos conhecemos na faculdade, em Istambul. Roberto era um verdadeiro prodígio ganhou uma bolsa para estudar Direito, enquanto eu cursava Arquitetura, bancado pelos meus pais. Eu nunca fui o mais dedicado, mas com esforço e influência familiar, me formei e tracei meu próprio caminho no mundo dos negócios. Ele, por outro lado, se tornou um advogado respeitado e, assim que terminou seus estudos, retornou ao Brasil para abrir seu próprio escritório no Rio de Janeiro. Ao encontrar seu número no celular, liguei. Ele atendeu rapidamente e nossa conversa foi como se nunca tivéssemos nos afastado. Nos enco
Rahmi A música era alta demais, misturando-se ao barulho da rua, às conversas da calçada e ao trânsito. E como se isso não fosse suficiente, um outro bar ao lado tocava música ao vivo, criando uma cacofonia insuportável. — Isso aqui é pior do que lá fora. Que inferno! — resmunguei, cruzando os braços. Roberto riu, divertido. — Você tá pior que um velho rabugento. Vou buscar uma bebida pra você relaxar. Lancei-lhe um olhar descrente. — Você gosta de barulho, mas sei que nem curte esse lugar. Tá aqui só por causa da sua noiva. Ele me mostrou o dedo do meio antes de rir. — Vai se ferrar! Quer o de sempre? — Uísque duplo. Sem gelo. — Suspirei. Enquanto ele se afastava, chequei o relógio. Ainda era cedo, mas o bar já estava abarrotado. O calor grudava na pele, e para piorar, tocava samba. Definitivamente, esse não era meu tipo de ambiente. Ou pelo menos era o que eu achava, até que meus olhos pousaram nela. Uma mulher negra, alta e deslumbrante, dançava no meio da pista, compl
Rahmi As três mulheres se aproximavam, mas para mim, apenas uma existia. Cada passo que ela dava parecia um desfile, como se toda a boate tivesse parado para observá-la. Mas, na verdade, só eu estava hipnotizado. Se estivéssemos no deserto, ela seria minha miragem. Seus olhos encontraram os meus, e algo intenso aconteceu. Meu coração acelerou, e senti uma conexão inexplicável, como se meu corpo já soubesse o que queria antes mesmo de minha mente processar. Desviei o olhar, fechando os olhos por um segundo, tentando recuperar o controle. Mas era impossível. Quanto mais perto ela chegava, mais pensamentos impróprios tomavam conta da minha mente. — Rahmi, essa é Letícia… e essa é Rebeca — a voz de Roberto me tirou do transe. Me forcei a olhar para Letícia. Cabelos ruivos, corpo atlético. Bonita, mas sem o menor interesse por mim. O problema era que eu também não me importava. Meu olhar logo encontrou o único motivo para minha respiração estar irregular. Rebeca. Porra. Ela se ap
Rahmi Rebeca gemia sem parar, o corpo estremecendo sob minhas investidas até ser tomada por outro orgasmo arrebatador. Ofegante, virou-se para a janela, apoiando as mãos no vidro frio. Seus seios pressionados contra o reflexo enquanto sua pele suada brilhava sob a luz noturna. O contraste entre a cidade iluminada lá fora e a cena diante de mim era hipnotizante. Ela estava irresistível naquela posição. Levantei-me, deslizando os dedos por sua cintura, subindo até sua nuca. Enrolei os cabelos sedosos em minha mão e puxei de leve, apenas o suficiente para que seus olhos encontrassem os meus. A intensidade entre nós era quase palpável. Capturei seus lábios em um beijo faminto, enquanto a penetrava lentamente, sentindo cada centímetro da sua pele quente se moldar ao meu corpo. Rebeca gemeu contra minha boca, e cada som que escapava dela era música para os meus ouvidos. Aumentei o ritmo, dominado pelo desejo avassalador. O vidro embaçava com nossa respiração entrecortada, e o calor que n
Rahmi Rebeca estava visivelmente exausta, seu corpo relaxado contra o meu, mas sua presença ainda acendia algo em mim que eu não conseguia controlar. Nunca tive uma noite que não me deixasse saciado, mas com ela era diferente. Eu a queria mais. Sempre mais. Descansávamos no sofá quando a puxei suavemente para o banheiro. Sentei-a de costas para mim e comecei a lavar seus cabelos com calma, massageando o couro cabeludo e observando os cachos que se formavam sob meus dedos. O aroma do shampoo misturava-se ao perfume natural da sua pele, tornando aquele momento ainda mais íntimo. O banho foi breve, mas intenso. Depois de nos enxugarmos, a envolvi em uma toalha e a tomei nos braços, carregando-a até a cama. Deitei-me sobre ela, sentindo a excitação crescer novamente. — Você não cansa? — Rebeca brincou, os lábios curvados em um sorriso preguiçoso. — Por algum motivo, você me faz querer mais… — respondi com sinceridade, a voz rouca de desejo. Ela riu baixinho, mas seu estômago roncou,
Rebeca Estou deitada de olhos fechados, sentindo ainda no corpo os resquícios da noite intensa que tive. O calor dele, o cheiro amadeirado que ficou impregnado na minha pele e na fronha do travesseiro. Minha mente vagueia pelo furacão de homem que encontrei. O rosto dele era uma perdição – traços marcantes, um nariz afilado e aquela barba que me enlouqueceu. O toque dela na minha pele foi um pecado. Quando desceu entre minhas pernas… Deus! Ele sabia exatamente o que fazer. E não bastava ser gostoso, ainda tinha tatuagens. Vi quando ele ficou nu, e quase perdi o juízo. Eu amo tatuagem. Amo barba. Amo homens intensos. Aqueles olhos claros, penetrantes, cheios de mistério. A pele bronzeada, o corpo atlético, as mãos grandes e firmes… Um homem de verdade. E agora ele sumiu. Deixo a preguiça de lado e abro os olhos, esperando vê-lo ali, mas a cama está vazia. Me levanto depressa, atravesso o quarto e sigo para a sala do hotel. Nenhum sinal dele. Meu coração aperta. "Onde ele foi?"
Rebeca Me enrolei nas cobertas, tentando afastar a lembrança que insistia em me atormentar, mas era impossível. O desfecho do meu relacionamento com Adrian ainda era um fantasma que me assombrava, um corte profundo que eu me recusava a fingir que não doía. Doeu, sim. Mas mais do que a dor, existia o alívio. Porque se ainda estivesse com ele, estaria vivendo uma mentira, sendo traída sem nem ao menos perceber. Foram três anos da minha vida. Três longos anos acreditando que aquele canalha era o homem perfeito para mim. Adrian não era apenas meu namorado, era uma presença constante. Ele passava mais tempo na minha casa do que na dele, dividindo meus lençóis, meu café da manhã, minha rotina. Conheci sua família, me envolvi no seu mundo e, no final, tudo não passava de uma farsa bem montada. Naquela manhã específica, o dia parecia comum. Ele me beijou antes de eu sair, como sempre fazia, com seu sorriso sedutor e palavras doces, que agora sei que não significavam nada. Peguei o ônibus p