Nathifa Estou exausta. Exausta de ver meu irmão definhar em um noivado que claramente o destrói um pouco mais a cada dia. Rahmi nunca foi um homem de se prender a uma única mulher, e mesmo que muitos o chamassem de mulherengo, ele sempre teve brilho nos olhos, uma energia que agora simplesmente desapareceu. Desde que voltou do Brasil, parece um homem sem alma, sem vontade, sem cor. E, sinceramente, eu entendo o motivo. A noiva dele, Belma, nunca me convenceu. Ela é educada, sorri no momento certo, usa as palavras certas, mas há algo nela que me incomoda. Ela parece mais encantada pelo status e pelo dinheiro da nossa família do que por Rahmi. Meu irmão, por outro lado, está mergulhado em uma infelicidade que ninguém parece notar ou que preferem ignorar. Mamãe, como sempre, está obcecada com a ideia desse casamento. Ela enxerga Belma como a mulher perfeita: recatada, discreta e submissa. Exatamente como deseja que eu seja. Mas eu enxergo além. Belma pode até saber jogar o jogo da p
Nathifa No dia seguinte, liguei para Roberto. Por um momento, pensei que ele não atenderia, já que o telefone tocou quase até cair. Talvez não tenha reconhecido o número. Mas, quando finalmente atendeu e ouviu minha voz, a surpresa e o reconhecimento foram imediatos. Ele sabia exatamente quem eu era: a irmã de seu amigo. Fiz uma série de perguntas, e ele respondeu a todas prontamente, sem hesitação. Meu coração acelerou quando ele confirmou que Rebeca estaria em Istambul. Era a chance perfeita para finalmente conhecê-la. O destino, mais uma vez, estava prestes a brincar com Rahmi. Sem suspeitar de nada, meu irmão terá uma surpresa avassaladora ao reencontrar o amor da sua vida no casamento. Para ele, será um choque. Para Roberto, um pesadelo. O hotel onde eles se hospedarão é um dos melhores da cidade, um verdadeiro refúgio de luxo. Meu irmão sempre fez questão de proporcionar a melhor experiência para seus clientes. A piscina com o bar elegante ao lado é um convite ao relaxamento,
Rebeca O nó no meu estômago aperta ainda mais enquanto encaro o teto do quarto. Algo está errado comigo hoje. Não consigo explicar essa sensação estranha, essa inquietação que se instalou em mim desde que acordei. Um casamento de desconhecidos não deveria me afetar desse jeito. Não sei nada sobre a noiva e muito menos sobre o noivo, mas a simples ideia de estar nesse evento me causa um desconforto absurdo. Eu deveria contar para as meninas? Nem pensar. Camila e Letícia surtariam se eu dissesse que não quero ir. Elas têm um talento especial para dramatizar tudo. A porta do quarto se escancara e a voz de Camila me arranca dos meus devaneios: — Gente, não acredito que vocês ainda estão na cama! Letícia resmunga ao meu lado e se estica preguiçosamente. Bocejo, afundando mais meu rosto no travesseiro antes de responder: — Amiga, essa cama é tão confortável que parece um orgasmo. Camila arregala os olhos, indignada. — Pare de pensar em orgasmos e levantem da cama agora! Temos um dia
Rebeca Voltamos ao hotel para um rápido descanso antes de nos vestirmos para o casamento. Assim que deitei na cama, coloquei meus fones de ouvido e fechei os olhos, me permitindo relaxar ao som da música. Mas o momento de paz durou pouco. O despertar abrupto — ACORDA, REBECA! O grito de Letícia ecoou pelo quarto como uma bomba. — CARAMBA! VOCÊ ESTÁ MALUCA?! QUER ME MATAR DE SUSTO?! — gritei, pulando da cama, meu coração disparado. Letícia me lançou um olhar exasperado. — Você não percebeu que horas são? Anda, vai se vestir logo! — Já estou indo, mas não precisava gritar! Já havia tomado banho antes de irmos ao salão, e meu cabelo e maquiagem estavam impecáveis. Agora, só faltava a peça final: o vestido. Deslizei para dentro do tecido luxuoso, sentindo o toque macio do veludo vermelho contra minha pele. O modelo era uma ousadia que eu normalmente não usaria costas nuas, um decote em V que valorizava meu colo e uma fenda generosa que desenhava minhas pernas a cada passo. Calc
Rebeca Os noivos e as testemunhas deixam o palco, e então, de repente, meus olhos encontram os dele. Aquele homem. Aquele maldito homem que me fez perder noites de sono, que bagunçou minha mente e que, mesmo depois de tanto tempo, ainda tem o poder de fazer meu coração acelerar com um único olhar. Droga. Eu não queria vê-lo. Eu jurei que nunca mais cruzaria com ele. Mas, com tanta gente aqui, eu deveria ter pelo menos a sorte de conseguir ignorá-lo. Só que não. O universo gosta de brincar comigo. Enquanto os noivos se dirigem ao salão para receber os cumprimentos, meu único pensamento é encontrar uma bebida forte. Qualquer coisa que consiga anestesiar essa avalanche de emoções que me atingiu assim que vi aquele homem. Que droga! Que castigo é esse? Minha vontade é de chorar. De gritar. De perguntar por que ele tinha que estar aqui, tão perto e, ao mesmo tempo, tão inalcançável. Nathifa me faz uma pergunta, mas estou tão absorta nos meus pensamentos que nem percebo. Sinto um
Rahmi O salão de festas estava lotado, repleto de sorrisos, taças erguidas e murmúrios elegantes. Mas nada disso importava quando meus olhos pousaram nela. Meu coração falhou uma batida. Fechei os olhos por um instante, tentando me convencer de que era apenas uma alucinação. Talvez o desejo tivesse me enlouquecido ao ponto de me fazer ver o que mais ansiava. Mas quando abri os olhos de novo, ela ainda estava lá. Rebeca Um vestido longo e vermelho moldava suas curvas de maneira provocante, desafiando minha sanidade. O tecido escorria pelo seu corpo como uma segunda pele, brilhando sob as luzes do salão, e uma abertura lateral revelava sua coxa torneada a cada movimento sutil. Homens ao redor a devoravam com os olhos. Um nó se formou em minha garganta, e meu sangue ferveu. Minha linda… sempre sonhei com você. E agora está aqui, tão perto. Por meses, fui assombrado por essa mulher, por sua ausência e pelo vazio insuportável que ela deixou. Agora, vê-la assim, em carne e osso, me
Rebeca A claridade invade o quarto, forçando-me a abrir os olhos lentamente. Minha cabeça lateja, como se martelada por uma ressaca cruel. O ar condicionado mantém o ambiente gelado, mas minha pele está quente. Minhas lembranças são um borrão, mas a pergunta principal ecoa em minha mente: onde estou? Viro o rosto e encontro um criado-mudo com um copo de suco e um remédio. Sem pensar, tomo o comprimido e me permito alguns minutos de imobilidade, encarando o teto. Aos poucos, os flashes da noite passada retornam, trazendo consigo uma avalanche de emoções. Rahmi. O homem que me faz perder o fôlego. O mesmo que vi ao lado da noiva a noite inteira. Mas então, por que ele me beijou? Como ousa? Cretino! Desgraçado! O ciúme ainda pulsa forte, uma raiva ardente misturada com algo que me corrói por dentro. Eu queria ignorá-lo, queria ir embora sozinha, mas minhas amigas insistiram em me acompanhar até o bar do hotel. E foi lá que a noite realmente começou. O bar estava muito mais
Rebeca A água quente desliza pelo meu corpo enquanto massageio meus cabelos ensaboados. Meu coração b**e forte. Hoje à noite, não vou me segurar. Quero Rahmi inteiro, sem limites. O desejo pulsa em mim com uma intensidade quase sufocante. Quando saio do banho, envolta apenas em um roupão felpudo, o cheiro da comida se espalha pelo quarto. Eu devoro cada garfada como se estivesse me preparando para um combate. E, de certa forma, estou. Rahmi me observa com um sorriso presunçoso, seus olhos me devorando como se soubesse exatamente o que está por vir. — Humm, delícia! — exclamo, satisfeita. Ele solta uma risada baixa, cheia de promessas. — Você que é uma delícia — ele diz, sua voz carregada de desejo. Ele se levanta, leva os pratos para a bancada e, quando volta, tenta me beijar. Mas eu viro o rosto, brincando com a situação. — Estou com a barriga muito cheia. Você não quer transar agora, né? Ele me segura pela cintura e cola seus lábios no meu pescoço, mordiscando a pele sensíve