Enquanto Vincenzo surta sozinho no apartamento, tomado pela própria fúria e impotência, Vittoria está sentada na sala da casa do pai, o mesmo lugar onde viveu a vida inteira.
O ambiente carrega o peso das lembranças, cada móvel, cada quadro, cada detalhe trazendo à tona fragmentos de uma rotina que ela já não reconhece mais como sua.
As lembranças vêm em ondas, os momentos de felicidade simples, as risadas abafadas, e os dias em que o medo a impedia de respirar livremente.
Por tanto tempo, ela viveu a vida que o pai escolheu para ela, acreditando que obediência era a forma mais segura de amar.
Agora, conhecendo a verdade, ela sente o arrependimento pesar com uma força insuportável, enquanto a consciência de todo o tempo que perdeu corrói cada parte dela.
— Devo estar vendo uma miragem. — A voz de Giuliano rompe o silêncio e arranca Vittoria de seus pensamentos.
Ela ergue o olhar e o encontra encostado à porta, os braços cruzados e o sorriso torto nos lábios, aquele mesmo que sempre a