O médico o encara por um momento, o olhar firme, mas carregado de compreensão, como se reconhecesse em Vincenzo uma dor que dispensa qualquer explicação.
Mesmo com toda a experiência adquirida ao longo dos anos, ele sabe que a perda nunca é fácil, porque não existe treinamento capaz de preparar alguém para o vazio que fica quando a vida se interrompe.
Há um limite que a medicina não ultrapassa, um ponto no qual o conhecimento se cala e o silêncio se torna a única resposta possível.
Por isso, ele permanece imóvel por alguns segundos, respeitando o sofrimento diante dele, antes de se afastar lentamente, permitindo que Vincenzo permaneça ali, sozinho, enfrentando o peso daquilo que nenhum homem deveria suportar.
As horas se arrastam devagar, e Vincenzo não se move, continua encostado na parede, imóvel, como se o tempo tivesse perdido qualquer sentido.
Às vezes, o olhar dele desce para as próprias mãos, observando o sangue já seco que ainda marca a pele, em outras, os dedos sobem até o ro