O relógio marcava pouco depois das seis da manhã quando o som no quarto de hospital mudou. Primeiro, um bip acelerado. Depois, um movimento sutil dos dedos. Clara, que passara a noite sentada ao lado da cama do marido, foi a primeira a perceber.
— Pedro...? — ela chamou, com a voz trêmula, inclinando-se.
Os olhos dele, pesados e vagos, começaram a se abrir devagar. Um som rouco escapou de sua garganta, ininteligível, mas suficiente para arrancar lágrimas imediatas dos olhos de Clara.
— Calma, amor... você está no hospital. Está tudo bem agora. Você está bem — ela dizia, acariciando-lhe o rosto com ternura.
Ema e Ethan chegaram poucos minutos depois, alertados por Clara. Quando Ema entrou, parou na porta, o corpo travado, os olhos fixos naquela figura tão forte que agora parecia tão frágil, mas vivo. O cheiro de antisséptico, o barulho ritmado das máquinas, o monitor cardíaco — tudo somava à tensão do momento.
— Pai...
Pedro virou lentamente o rosto na direção da filha. E, ao vê-la, um