Helena
O barulho do carro foi um golpe no peito. Farol cortando a escuridão, motor morrendo — e tudo ao redor ficando menor, como se o ar tivesse fugido.
Fechei os olhos por um segundo. Quando os abri, ele já estava ali.
Felipe apareceu como sempre: terno escuro, postura imóvel, olhar que pesa. O calor da presença dele me atingiu antes da voz.
— Helena. — a palavra foi curta, cortante. — Eu sabia que te encontraria aqui.
Senti o corpo tremer. Lucas tentou se esconder, mas era tarde demais. Passos firmes ecoaram. Cada um deles fazia meu estômago se apertar como uma corda sendo puxada.
— O que você está fazendo? — ele perguntou, e a pergunta não buscava explicação; era sentença.
— Porque eu me recuso a ser parte do seu jogo. — respondi com a voz trêmula, e aquilo saiu mais feroz do que eu esperava.
Ele deu um passo, vindo em minha direção, e eu senti o espaço encolher.
— Isso não é um jogo. É a minha vida. — disse, seco.
— E a minha? — rebati, e as lágrimas subiram como se est