Felipe
O som do motor dela ecoa dentro de mim como um grito. Helena se foi. E, desta vez, não deixei que fosse porque quis — deixei porque precisava.
Olho para o armazém vazio. O chão ainda carrega o rastro dos passos dela, o perfume doce misturado ao cheiro de ferrugem. Nada deveria me afetar. Mas cada vez que ela vira as costas, algo em mim se despedaça — um pedaço que o poder não consegue reconstruir.
Mauro se aproxima em silêncio.
— Quer que a gente vá atrás dela, senhor?
Balanço a cabeça lentamente.
— Não.
A palavra sai seca, amarga.
Ela precisa correr. E eu… preciso deixar que vá. Mesmo que isso me mate.
De volta à cobertura, o silêncio é insuportável. Piso firme, mas tudo parece frágil, fora de lugar. A casa ainda carrega o cheiro dela, a presença invisível que me persegue.
Sobre a cama, o bilhete amassado — o mesmo que ela deixou antes de desaparecer. Leio mais uma vez, mesmo sabendo cada palavra de cor.
> “Você pode me vigiar, Felipe,
mas não pode controlar o que