Helena
A sala de imprensa está tão cheia que parece respirar comigo — arfando, pulsante, faminta. Microfones apontados como bocas abertas. Câmeras famintas por sangue novo. Flashs que estouram como disparos. É o tipo de ambiente que destrói carreiras. Ou revela quem alguém realmente é.
Felipe está diante de todos eles. E embora sua postura seja impecável… eu vejo o detalhe que ninguém mais vê: as mãos dele tremem. Não muito. Mas o suficiente para eu entender que ele está lutando com cada sombra do passado enquanto se mantém de pé.
Ele começa a falar.
— Meu pai cometeu crimes. — diz, firme, sem desviar. — E eu me recusei a continuar seu legado. É por isso que estou aqui hoje: para expor tudo o que encontrei e cooperar com as investigações.
O choque atravessa a sala. Sussurros surgem como pequenas ondas. O ar muda — pesado, elétrico, perigoso.
Então a pergunta vem, afiada como a lâmina que quer abrir uma ferida:
— Sr. Diniz, por que revelar isso agora? Foi pressionado? Está sendo chanta