Helena
A porta bate atrás dele com força — não força física. Força emocional. Daquelas que deixam rachaduras no ar. E então… silêncio. Um silêncio tão pesado que parece ter densidade própria, tomando conta da sala, sufocando meu peito. Eu fico ali, parada no meio do tapete, como se meus pés tivessem criado raízes. Minha mente corre, mas meu corpo… não. Felipe acabou de ir atrás de Adrian. E Adrian nunca aparece sem um plano, sem intenção e sem veneno.
Eu caminho até a janela com as mãos trêmulas. Lá embaixo, vejo a entrada principal do prédio — movimento de funcionários, carros, luzes, segurança passando com rádios na cintura. Mas entre tudo isso… há algo dissonante. Um carro preto parado no meio-fio, vidro escuro, motor ligado. Nenhuma identificação corporativa. O tipo de carro que um predador dirigiria.
Engulo em seco.
Felipe está indo exatamente em direção a isso. Meu coração bate rápido demais. E a pergunta vem como uma lâmina: E se ele não voltar? Eu fecho os olhos, tentando forç