Olivia
Eu estava paralisada, ainda ali, debruçada contra a pia da cozinha, encarando o maldito teste positivo entre meus dedos trêmulos como vara de bambu. Foi nesse momento que escutei uma batida na porta.
Não. Não agora. Por favor, agora não.
Joguei o teste sobre a bancada, sem sequer ter forças pra olhar de novo aquelas duas linhas. Meu corpo ainda tremia. As palavras ainda ecoavam na minha mente como um sussurro encharcado de pânico: positivo. Eu estava grávida.
Outra batida. Mais firme.
Corri até a porta como se meu segredo estivesse prestes a escapar por baixo da soleira. Abri sem pensar, e lá estava ele. Dante. Encharcado de chuva e com os olhos queimando de alguma coisa que não era raiva, mas também não era paz.
— Olivia... — disse baixo, como se me conhecesse bem o bastante pra ver tudo. — Você tá bem?
Não, Dante. Eu não tô nem perto disso.
— Tô... só um pouco cansada.
Mentira. Mas minha voz não tremeu, então talvez ele acreditasse. Dei um passo pra trás, tentando sutilment