Olivia Fernandes
A primeira coisa que me disseram sobre o que aconteceu com Ester foi que ela sobreviveu.
A segunda, que ela escolheu ir embora.
Dante não entrou em detalhes. Só disse que, depois que a equipe de resgate conseguiu tirá-la da ponte, ela ficou em observação alguns dias e, no primeiro momento de lucidez, assinou os documentos cedendo a guarda total do Leo e recusou qualquer tipo de contato.
Ela não queria ajuda. Não queria acompanhamento, nem tratamento. Apenas silêncio. Um desaparecimento. Um adeus, não dito, mas definitivo.
Dante, claro, ofereceu o que pôde. Conversou com os médicos, com os advogados, fez o que era certo mesmo sem saber se aquilo ainda adiantava. Mas, no fim, Ester só queria desaparecer.
E foi o que ela fez.
Por alguns dias, me perguntei se era cruel demais pensar com alívio ao imaginar que ela tinha ido embora.
Depois disso, a vida não mudou de repente, mas aos poucos, como um animal assustado que começa a sair do esconderijo, se acostumando com o toq