Narrado por Hellen
Era mais um fim de tarde, de mais um dia infernal, já passava da hora de ir pra casa, mas eu ainda estava no trabalho. Eu sei que não deveria estar ali, mas achava que aguentava tudo. A pressão da mídia, a hostilidade velada no trabalho, o terror silencioso de ser vista como culpada por algo que nunca fiz, de tudo isso me consumia. Se eu conseguisse focar só no trabalho, talvez suportasse.
Mas naquele dia, às oito e meia, meu corpo finalmente me deu o aviso que minha alma já dava há meses.
Eu estava no consultório, digitando uma requisição de exames, quando senti uma umidade estranha escorrer pela perna. No começo pensei que fosse suor, porque com oito meses de gestação a temperatura parecia alta demais para mim.
Mas quando me levantei e vi a mancha clara no chão, meu coração disparou.
— Não... não, agora não... — murmurei, agarrando a mesa.
Minha respiração ficou curta, a visão turva, e o medo — oh, o medo — subiu como uma onda.
Mandei uma mensagem para Luana E