Narrado por Hellen
Ela provavelmente viu. Viu nós dois sairmos juntos para a clínica obstétrica, viu as mãos de Sérgio segurando as minhas com cuidado, viu o sorriso radiante dele quando saímos da clínica. Aquela imagem deve ter incendiado algo na sua alma venenosa. Não foi despeito: foi ódio com um alvo claro.
Por isso naquele momento, quando voltávamos para casa ainda dentro do carro, Sérgio olhou para mim. E consegui ouvir a sua raiva como um trovão contido:
— Isso foi um aviso — murmurou, firme. — Foi ela.
Eu quis negar. Quis acreditar que era só um motorista imprudente, que o acaso conspirava contra a gente. Mas a sensação venenosa que me acompanhava desde que estava na universidade de Londres reaparecera confirmou o pior: aquilo não fora um acidente.
Dias depois, quando a calmaria parecia ter retornado, Sylvia já havia ido além do volante. Ela começou a montar um plano frio e calculado: não apenas me assustar — destruir-me. E, pela máquina implacável que sabia manejar melhor do