Depois que Sérgio me deixou trancada, ouvi o som firme dos passos dele descendo as escadas. O ruído se perdeu aos poucos, seguido pelo fechar de uma porta e, logo depois, o som abafado da água correndo. Ele estava tomando banho.
Aproveitei aquele breve silêncio para me aproximar da janela. Meu coração pulsava rápido, como se tentasse fugir antes de mim. Lá fora, o jardim da mansão se estendia como um manto verde pontilhado por pequenas luzes amareladas. As sombras dançavam entre as roseiras, e por um instante imaginei que aquele fosse o único lugar livre de toda a loucura que me cercava.
O muro não era tão alto. Se eu tivesse coragem suficiente, talvez conseguisse escapar.
Mas antes que qualquer plano tomasse forma, ouvi leves batidas na porta.
— Senhorita Hellen? — uma voz feminina, serena e gentil. — O senhor mandou entregar isto para a senhora.
Abri devagar e me deparei com Gracie, a governanta. Ela era uma mulher de cabelos grisalhos presos num coque, olhos claros e um sorris