Depois da ligação com Mary, fiquei horas encarando meu delivery, tentando tragar a comida como se fosse impossível engolir, junto com ela, o nó que se formava em minha garganta. Não era culpa do tempero, mas do turbilhão de pensamentos que me devorava por dentro. “Sergio”. A falta dele ali, era um peso que eu tentava disfarçar naquele momento.
Desisti de lutar com o garfo e o prato e me refugiei em outra batalha: abri o notebook. Precisava me ocupar, ocupar a mente e coração. O cursor piscava na tela, impaciente, enquanto finalizei meus pedidos de inscrição na universidade inglesa — referência mundial na área que eu tanto almejava.
Era um sonho antigo, um chamado que me perseguia nos corredores frios do hospital: estudar as doenças cardíacas em bebês. Desde que comecei a atender os pequenos pacientes, carregava em mim a inquietação de que poderia ir além, ser mais, fazer mais. Não bastava ser apenas uma boa médica clínica. Eu queria ser especialista com um doutorado, alguém capaz de