Algumas semanas depois do nosso primeiro encontro, Nova Iorque parecia mais fria do que de costume. O vento cortava entre os prédios e arrastava folhas secas pela calçada, e eu estava tentando ignorar o fato de que minha inspiração tinha despencado nos últimos dias. Entrei na cafeteria apenas para escapar do frio, mas o destino, ou algo muito parecido com ele, tinha outros planos.
Ele estava lá. Sentado no canto, com uma xícara de café à sua frente, lendo um livro com o meu nome na capa.
Quando me viu, Min-ho fechou o exemplar com um movimento calmo, como se já soubesse que eu ia aparecer. O sorriso que ele me deu foi lento, quase íntimo, e carregado daquela confiança que sempre me desconcertava.
— Você demorou. — disse ele, como se estivéssemos marcando um encontro há semanas.
— Eu nem sabia que estava vindo. — tentei brincar, mas minha voz soou mais suave do que eu pretendia.
Ele fez um gesto para a cadeira à sua frente.
— Senta. Eu pago o café.
— Pode deixar, eu pago o meu. — rebat