O dia seguinte amanheceu com uma claridade suave atravessando as cortinas do meu antigo quarto. Por um momento, fiquei deitada de costas, olhando para o teto, tentando ignorar a lembrança de tudo o que havia acontecido na noite anterior. Mas era impossível. Cada toque, cada palavra, cada promessa que provavelmente não seria cumprida… estava grudada em mim como um perfume que não sai.
Levantei devagar, os pés tocando o chão frio de madeira. A casa estava silenciosa, exceto pelo som abafado de louça sendo arrumada na cozinha. O cheiro de café fresco e torradas se espalhava pelo ar, misturado com aquele aroma aconchegante que só a casa do meu pai tinha.
Encontrei-o sentado à mesa, usando o mesmo moletom surrado que parecia fazer parte dele. Ele ergueu os olhos assim que me viu e sorriu.
— Dormiu bem, minha filha?
— Mais ou menos — respondi, forçando um sorriso enquanto me sentava. — Mas o cheiro de café me trouxe até aqui.
Ele riu baixinho e me serviu uma xícara.
— Coloquei um pouco de l