O relógio ainda marcava 6h quando Amanda, de moletom largo e cabelo preso em um coque desfeito, sentava-se sozinha à bancada de mármore da cozinha. A xícara de café quente aquecia suas mãos geladas, mas não conseguia aquecer o torvelinho que habitava seu peito. Lá fora, a cidade de São Paulo ainda despertava lentamente, banhada por uma luz cinzenta e preguiçosa.
Ela olhava para os prédios altos como se buscasse respostas. Como se, por trás da neblina fina, algum sinal lhe dissesse o que fazer.
O som suave de passos no piso frio a fez desviar o olhar. Lucca apareceu à porta, ainda com os olhos semicerrados, vestindo apenas uma camisa de algodão que caía solta sobre o corpo forte. O cabelo desgrenhado denunciava a noite mal dormida. Ele passou a mão pelo rosto e, ao vê-la ali, tão desperta, tão distante, parou por um instante, observando.
— Amor, você não parou a noite toda. — A voz veio baixa, rouca de sono e preocupação.
Amanda tentou sorrir, mas só conseguiu esboçar um movimento de c