Amanda passou o resto do dia no modo automático. Tentou se distrair com um livro, mas não leu uma linha. Ligou a televisão, mas as imagens passavam por ela como vultos. Organizava armários sem saber o que estava dobrando, o que estava jogando fora. O corpo se movia, mas a mente permanecia prisioneira do que não conseguia controlar.
Por mais que quisesse se convencer de que Laura era apenas uma ex rancorosa, ela sabia que havia algo mais. Algo sombrio. Laura não atacava no impulso — ela calculava, mirava, e só então disparava. Como uma jogadora experiente num tabuleiro que Amanda mal entendia.
Quando Lucca entrou naquela noite, o ar pareceu pesar mais.
Ele estava diferente. Exausto. Como se cada músculo do corpo estivesse carregando o peso de uma vida inteira. Os ombros tensos, os olhos fundos, as mãos enfiadas nos bolsos como se esconder os dedos pudesse conter tudo o que tremia por dentro.
Amanda estava sentada no sofá, o olhar fixo, frio, pronto.
— E então? — A voz saiu baixa,