Amanda chegou à mansão de Vitória Mancini com o sol se pondo, tingindo o céu de tons dourados — ironicamente belos demais para o veneno que carregava no peito. Não havia anúncio. Nem cordialidade. Era guerra.
A matéria ainda queimava nos bastidores da empresa, nos olhos sussurrantes dos colegas, nos investidores em pânico e nos jornalistas sedentos por manchetes. Ela vira, na manhã daquele mesmo dia, uma estagiária esconder o celular assim que ela entrou no elevador.
Amanda sabia como o escândalo se espalhava: não como fogo, mas como fumaça — invisível, sufocante, traiçoeira.
A governanta hesitou ao abrir a porta. Amanda não esperou explicações.
— Onde está a dona Vitória?
A mulher apontou para o jardim dos fundos, como quem entrega o sacrifício à cova dos leões.
Vitória estava lá, como sempre — uma visão de poder envelhecido, mas ainda perigoso. Sentada em sua cadeira de vime, envolta em um robe branco que refletia a luz do entardecer, com um livro nas mãos que usava como armadura de