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O Médico Mais Sexy da Clínica do Bairro

Parte 2...

Camila

No dia seguinte, acordei com o tornozelo doendo e um pensamento recorrente: Rafael Lacerda tinha mãos perigosas e um sorriso pior ainda.

Minha amiga Lívia, sempre dramática, soltou a frase mais previsível do universo assim que me viu mancando na vídeo-chamada.

— Você não torceu o pé. Você tropeçou no amor.

— Tropecei no Nietzsche, na verdade - respondi, mostrando o felino que dormia no encosto do sofá como se fosse um príncipe exilado.

— Camila, você tá sorrindo com a boca torta. Isso é paixão.

— É analgésico.

Mas a verdade? Eu não parava de pensar no médico. No jeito que ele me olhou, nas mãos firmes, no tom de voz.

Aquilo não foi só um atendimento clínico. Foi quase um encontro disfarçado. Ou talvez fosse só carência. Ou loucura. Ou os dois.

Três dias depois, ainda mancando, voltei à clínica para uma reavaliação. Não porque a dor tivesse piorado, honestamente, ela até melhorou, mas porque o receituário indicava retorno “caso persistissem os sintomas”. E o sintoma mais insistente era a vontade de vê-lo de novo.

Me vesti melhor dessa vez. Nada extravagante, só uma calça jeans justa, uma blusa branca decente e o cabelo solto. Um visual casualmente sedutor, se é que isso existe.

Passei um pouco de perfume também. Só um pouco. O suficiente para dizer “sou uma mulher madura e cheirosa que veio aqui por motivos quase legítimos”.

Quando a recepcionista disse que o Dr. Rafael me atenderia em instantes, senti um frio no estômago. E não era gastrite.

Ele entrou, mais bonito do que eu lembrava. Jaleco aberto de novo, dessa vez sobre uma camisa azul clara com as mangas dobradas até os cotovelos. Sério, qual o problema desse homem com mangas? Porque o meu problema com os braços dele já era clínico.

— Camila - disse, com aquele sorriso controlado, como se soubesse exatamente o efeito que causava.

— Doutor Rafael. Vim garantir que meu tornozelo não está desenvolvendo um caso grave de saudade da sua mão.

Ele ergueu uma sobrancelha, divertido. Fechou a porta atrás de si com calma e se aproximou.

— Saudade não é um diagnóstico médico. Mas é um sintoma interessante.

— Então pode anotar aí: saudade, leve tontura e pensamento recorrente. De você.

Ele parou à minha frente, olhando direto nos meus olhos.

— Tontura? Pode ser pressão baixa. Vamos verificar.

Ele pegou o manguito para medir minha pressão. Eu estendi o braço, e o toque da mão dele sobre meu pulso foi mais suave do que deveria. Ou eu estava sensível demais.

— Acho que vai constatar que estou instável emocionalmente, mas com o coração acelerado.

— Acelerado eu posso comprovar - disse, observando o visor com um sorrisinho no canto da boca.

— Vai me prescrever o quê?

— Depende. Você é uma paciente obediente?

— Nunca fui. Gosto de questionar autoridade.

Ele se aproximou um pouco mais, abaixando o tom de voz:

— Isso pode ser estimulante.

O clima entre nós mudou naquele instante. O ar ficou mais denso, como se as palavras tivessem começado a tocar onde as mãos ainda não ousaram.

Ele largou o aparelho e puxou um banquinho, se sentando na minha frente, altura perfeita com meu tornozelo. Pegou meu pé descalço com naturalidade, como se já fosse íntimo dele. Olhou com atenção enquanto pressionava alguns pontos.

— Ainda dói aqui? - perguntou, pressionando um pouco o lado externo do pé.

— Um pouco.

— Aqui?

— Menos.

— E aqui?

Ele tocou a parte mais sensível, mas a dor nem era o ponto. Era o fato de estar com o pé nas mãos daquele homem, sentada numa sala silenciosa com ele tão perto, olhando para mim entre os cílios.

— Eu tenho outras áreas tensionadas - soltei, antes que pudesse me censurar.

Ele ergueu os olhos. Sorriso discreto.

— Onde exatamente?

— Ombros. Costas. Cérebro. Alma.

Ele soltou uma risada baixa, genuína.

— Posso cuidar dos ombros e das costas. Os outros vão precisar de tratamento prolongado.

— Aceito sessões contínuas. Com você.

Silêncio. Ele segurou meu olhar, ainda com meu pé entre as mãos. O toque dele subiu devagar pela minha panturrilha, um gesto que parecia técnico, mas tinha algo de proposital.

— Vou te encaminhar para uma sessão de fisioterapia - disse, mas havia um brilho diferente nos olhos dele.

— Você mesmo faz?

— Algumas. Gosto de manter certas pacientes sob supervisão direta.

— Então marque a minha. Urgente.

Ele soltou meu pé com suavidade e se levantou, pegando o prontuário.

— Você tem senso de humor.

— Você tem mãos criminosamente habilidosas. Estamos quites.

Antes de sair, ele se virou.

— Camila, o que você realmente quer com esse retorno?

A pergunta me pegou de surpresa. Mas não hesitei.

— Honestamente? Queria confirmar se o que senti era coisa da minha cabeça. Mas não era.

Ele me observou por dois segundos que pareceram minutos.

— Então confirmei o que precisava também.

E saiu.

Eu fiquei ali, com o coração galopando no peito e uma certeza pulsando entre os batimentos: aquela tensão não era imaginária. Aquilo era o começo de alguma coisa. Algo perigoso, sensual e completamente fora do protocolo médico.

E eu? Já estava irremediavelmente contaminada.

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