Parte 9...
Gabriel
Eu acordei antes do sol.
Por um segundo, fiquei ali, observando. A luz fraca da madrugada desenhava o contorno do rosto dela no travesseiro.
Cabelos bagunçados, uma perna descoberta, a respiração ainda lenta. Tão diferente da mulher sarcástica que me desafiava a todo instante.
Tão linda.
O problema é que, se eu demorasse mais um pouco, Lara poderia acordar. E minha filha ainda não estava pronta para saber que o pai passou a noite no andar de baixo, sem camisa e sem vergonha nenhuma.
Me levantei devagar, tentando não fazer barulho. Peguei a camiseta jogada no chão, os jeans dobrados às pressas na poltrona, e dei mais uma olhada para ela antes de seguir até a porta.
Mas quando abri, dei de cara com a voz sonolenta e rouca dela:
— Vai fugir, bombeiro?
Virei.
Ela estava ali, encostada na ombreira da porta do quarto com um lençol enrolado no corpo e aquele sorriso malicioso nos lábios. Um sorriso que já era perigoso demais para mim antes. Agora, depois da noite que tiv