O quarto ainda estava mergulhado em penumbra, mas eu conseguia ver o contorno dele ao meu lado. Alexandre respirava fundo, o peito subindo e descendo devagar. Um leve traço de suor brilhava na linha do pescoço. Ele parecia... calmo. Ou talvez só estivesse fingindo bem.
Eu, por outro lado, estava em frangalhos.
O meu corpo ainda pulsava. Cada célula parecia ter sido invadida, tomada por uma coisa que eu não sabia nomear. Era prazer, sim — mas também era raiva, confusão, alívio. Eu me sentia viva, mas quebrada. Inteira, mas com as peças fora do lugar.
Olhei para o teto, tentando organizar os pensamentos, mas eles vinham em espirais, como se a noite tivesse me virado do avesso.
O que eu tinha feito?
O gosto da sua pele ainda estava na minha boca. O cheiro dele impregnado na minha camisa — ou melhor, na camisa dele, que agora era só mais um lembrete do quanto eu havia cruzado a linha.
Mas... qual linha, exatamente?
Eu tinha fugido de um inferno. Marcelo gritando, me arrastando pelos braços