Maria Vitória Bocci
Olhei mais uma vez ao redor. Todos pareciam encontrar seus parentes, seus amigos. Todos, menos aquele homem.

Ele ainda estava ao telefone, a expressão carregada de confusão. Então, nossos olhares se cruzaram. Meu estômago revirou.

— Ah... acho que já vi sua tia. Onde você está, meu amor?

Continuei encarando-o.

Não podia ser.

Duas Maria Vitória na mesma rodoviária? Duas pessoas esperando por elas? Aquilo parecia uma piada.

— Tia? Que tia? — franzi o cenho. — A tia Lena não veio. Me diz onde o senhor está?

A confusão no rosto dele se aprofundou.

A garota ao seu lado ficou paralisada. Engoliu em seco, como se algo tivesse travado em sua garganta.

— É a tia dela, amor? Onde está sua filha?

Filha?

Soltei um sorriso fraco.

Ele não sabia nada sobre mim.

O motorista retirou minha bagagem do ônibus e a colocou ao meu lado.

— Muito obrigada, senhor.

Observei o homem mais uma vez. Jovem demais para ser meu pai. E a garota ao seu lado... "amor", "filha". Ela não podia ser minha irmã
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